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Vitória da Alpine F1 é herança de ouro deixada pela Renault

Alpine chegou à primeira vitória já em sua 11ª corrida, mas conta com 400 corridas de experiência em chassi e 668 em motores

2 ago 2021 - 16h09
(atualizado em 4/8/2021 às 12h31)
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Alpine F1: primeira vitória com Esteban Ocon.
Alpine F1: primeira vitória com Esteban Ocon.
Foto: Alpine F1

A equipe Alpine F1 precisou de apenas 11 corridas para vencer sua primeira corrida na Fórmula 1. Mas, apesar do acidente na largada, ela não aconteceu por acaso. Foi resultado de um trabalho de aprimoramento técnico nesta temporada e de uma aposta firme da Renault nas competições. Esteban Ocon ganhou um chassi novo no GP da Grã-Bretanha e pode voltar a andar no ritmo do bicampeão Fernando Alonso.

“Que resultado incrível com as primeiras vitórias de Esteban e da Alpine F1 Team”, comemorou Marcin Budkowski, Diretor Executivo da equipe, destacando um fato importante: “Estávamos bem colocados na largada [8º e 9º], fizemos as escolhas certas durante a prova e a equipe dos boxes fez duas paradas perfeitas”.

Ocon já tinha conseguido duas boas posições de largada nesta temporada: 6º em Portugal e 5º na Espanha. Alonso sofreu em algumas corridas, mas já se adaptou ao carro e sua intensa disputa com Lewis Hamilton foi fundamental para que o Mercedes W11 não alcançasse o Alpine A521 nas voltas finais do GP da Hungria. 

“Vimos corridas loucas no passado e precisamos estar atentos para aproveitar cada oportunidade que se apresente”, comentou Budkowski após a vitória de Ocon e o 4º lugar de Alonso. Foi exatamente isso o que fizemos hoje. Estou muito orgulhoso desta equipe, do pessoal de pista, mas também de todos em Enstone e em Viry."

Análise da F1: vitória de Ocon, superação de Hamilton:

Mas essa vitória não foi construída ontem. Depois de sete anos um motor Renault ganhou uma corrida na fase híbrida da Fórmula 1 (as únicas três vitórias tinham sido com Daniel Ricciardo, na Red Bull, em 2014). Houve mais nove vitórias desse motor (com a nomenclatura TAG Heuer, de 2016 a 2018), mas nada que se comparece com a avalanche que foi o sucesso da Mercedes. Mas não é de admirar que a Renault tenha entrado em desvantagem nessa corrida. O motor Renault vinha de quatro títulos seguidos na F1 (2010, 2011, 2012 e 2013) com a Red Bull. Além desses quatro títulos com Sebastian Vettel, a Renault teve mais sete títulos de pilotos e 12 títulos de motor (incluindo os quatro com a Red Bull).

Alpine F1: primeira vitória com Esteban Ocon.
Alpine F1: primeira vitória com Esteban Ocon.
Foto: Alpine F1

O motor E-Tech 21, um V6 1.6 híbrido, é uma evolução dos E-Tech 19 e 20, duas temporadas anteriores. O primeiro motor híbrido da Renault foi o Energy F1 (2014 e 2015), que depois mudou para a R.E. 16, 17 e 18 (dessas temporadas). No total, em 40 temporadas, a Renault teve 35 motores na F1. O primeiro foi o EF1 V6 1.5 turbo (1977 a 1983), que revolucionou a categoria, embora não tenha sido campeão.

Em 668 corridas, os motores Renault conquistaram 169 vitórias e 213 poles. Por isso, embora a Renault tenha tirado seu nome da equipe, a empresa manteve-se fiel ao programa da Fórmula 1, mesmo com um bilionário prejuízo em 2020 por conta da pandemia de Covid-19, que afetou as vendas de carros de passeio.

A marca Alpine agora bebe da juventude de Esteban Ocon e da experiência de Fernando Alonso porque a estratégia é transformá-la numa marca mundial. A ideia é vender carros com apelo esportivo não apenas na França, mas no mundo todo (talvez até no Brasil). Como equipe, a participação da Renault na Fórmula 1 é bem menor do que como fornecedora de motores. Em 24 temporadas, a Renault disputou 400 corridas, obtendo 35 vitórias, 51 poles e dois títulos mundiais de pilotos e construtores, com Fernando Alonso (2005 e 2006).

Alpine F1: primeira vitória com Esteban Ocon.
Alpine F1: primeira vitória com Esteban Ocon.
Foto: Alpine F1

Ao longo de sua história na F1, a Renault teve 27 modelos. O Alpine A521 seria, portanto, o 28º. Mas a empresa não se incomoda em começar uma história do zero. O mundo do automóvel está mudando totalmente e novas histórias passam a ser contadas. Por isso, a vitória do Alpine A521 já em sua 11ª corrida enche a marca de esperança para o futuro, que terá novas regras.

“Foi uma semana incrível. Começamos com a abertura do nosso novo Centro Alpine na Hungria, comemoramos o aniversário do Fernando e agora terminamos com a dupla vitória francesa”, festejou Laurent Rossi, CEO da Alpine. “Podemos festejar e nos inspirar nessa conquista para partir em busca de novos sucessos no futuro, na jornada da Alpine.” Isso passa pelos funcionários que desenvolvem o carro e o motor em Enstone (Inglaterra) e Viry-Châtillon (França).

Agora, com um chassi novo e a confiança multiplicada, Esteban Ocon pode almejar uma segunda metade de mundial mais consistente. Da mesma forma, Fernando Alonso, muito mais experiente, soube se inserir na vitória de Esteban e mostrou que, além de estrela, é também um homem de equipe. O céu parece ser azul de brigadeiro para as aspirações da Alpine F1 a partir de 2022.

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