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Laterais da Mercedes W13: pulo do gato na F1?

No primeiro dia de testes no Bahrein, a Mercedes testa uma solução ousada para as laterais e levanta a discussão sobre sua legalidade

10 mar 2022 - 10h02
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A Mercedes joga pesado para se manter na frente. Será que a nova lateral resolve?
A Mercedes joga pesado para se manter na frente. Será que a nova lateral resolve?
Foto: Albert Fabrega / Twitter

Já sabíamos que a implantação do novo regulamento técnico este ano nos trariam algumas soluções diferentes. Afinal de contas, no esporte a motor, a missão dos engenheiros é buscar formas de interpretar as regras de modo a andar mais rápido.

Em Barcelona, vimos algumas coisas diferentes. Mas o mundo da F1 foi sacudido na última quarta feira quando o jornalista Giorgio Teruzzi trouxe em matéria no italiano Corriere della Sera que a Mercedes viria com uma solução extrema: um carro praticamente sem laterais.

Essa notícia veio em seguida de uma fala de Mike Eliott, Diretor Técnico da Mercedes, dizendo que havia achado as laterais da Red Bull “muito interessantes”. De acordo com os italianos, a solução que seria trazida para o Bahrein teria dado um ganho de 1 segundo nos simuladores e deixaria muitos surpresos.

Isso foi o suficiente para inúmeras projeções e diversas teorias tomarem conta das redes. Como assim um carro sem laterais? E se tiver uma batida em T? Vai ser bom para deixar o carro mais rápido em reta, e por aí vai.

Já se esperava que a Mercedes traria muitas novidades para estes testes, tal qual fez em 2017 e 2019. A primeira coisa que apareceu dos treinos nesta manhã foi sequência de fotos do W13 conduzido por Lewis Hamilton. E não foi um carro sem laterais, mas sim com um formato extremamente enxuto, liberando muito espaço sobre o assoalho, otimizando o fluxo para o trem traseiro e para “jogar o ar para fora” (outwash) e reduzindo o arrasto.

O que chamou mais atenção foi a solução usada pela Mercedes com as estruturas laterais de absorção de impactos. Introduzidas em 2014 e desenvolvidas pela Red Bull, estas estruturas são como “cones” colocados na lateral do cockpit para justamente evitar a questão da famosa “batida em T”.

Eis o comparativo entre o W13 de Barcelona e o do Bahrhein. Além da lateral, o capô também sofreu alteração
Eis o comparativo entre o W13 de Barcelona e o do Bahrhein. Além da lateral, o capô também sofreu alteração
Foto: Albert Fabrega / Twitter

Com o desenho tão enxuto, a abertura para refrigeração ficou mais estreita e uma destas estruturas foi utilizada como elemento aerodinâmico para direcionar o ar e ainda apoiar o retrovisor. Não que antes estas peças não fossem usadas buscando ganhos neste campo. Mas tem um detalhe aqui que pode representar até mesmo a ilegalidade desta solução.

Como bem lembrado no Twitter pelo inglês Craig Scarbourough, os carros da primeira geração da Fórmula E utilizavam estes elementos sem proteção alguma, ligados diretamente no chassi e devidamente aprovado pela FIA. Mas o Regulamento Técnico da F1, em seu Artigo 13.5 (mais especificamente o Art. 13.5.1, letra b), que trata desta estrutura específica, fala o seguinte:

“As duas estruturas de impacto deverão estar totalmente envolvidas pela carroceria e, portanto, nenhuma parte delas deverá estar exposta ao fluxo de ar externo”.

Aí a porca começa a torcer o rabo. Pois, aparentemente, somente uma delas está envolvida pela carroceria, ficando a superior exposta. Na interpretação fria da lei, a solução está vetada. Porém, para que isso esteja sendo usado, um crash test deve ter sido feito e o W13 foi aprovado.

Ross Brawn, presente em Sakhir, declarou que não esperava esta interpretação do regulamento pela Mercedes, até porque as regras preveem meticulosamente onde cada peça deverá ficar. Christian Horner inicialmente teria dito que o carro estava fora, mas houve um desmentido. O fato é que o barata voa segue nos bastidores.

A ver como será o desenrolar dos treinos. Lembrando que falta pouco mais de uma semana para o início da temporada e o material que as equipes levaram é basicamente para as provas iniciais. Junte isso às restrições orçamentárias e de recursos...

Veremos se o “pulo do gato” da Mercedes a levará para a frente ou foi o miado de um filhote.

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