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F1: A era dos técnicos superstars já chegou

O barulho em torno da noticia da renovação de contrato de James Allison pela Mercedes reforça a supervalorização dos técnicos na F1

18 jan 2024 - 12h48
(atualizado às 12h53)
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Resumo
Foi anunciada a renovação do Diretor Técnico da Mercedes, James Allison, a 'trindade vencedora' da época 2014-2020, que reforça o papel importante dos técnicos em comparação ao dos pilotos em F1.
James Allison e Mercedes; o casamento segue. E o papel dos técnicos ganha novo patamar
James Allison e Mercedes; o casamento segue. E o papel dos técnicos ganha novo patamar
Foto: Mercedes AMG F1

A grande notícia da F1 do dia de hoje é o anúncio da renovação de James Allison como Diretor Técnico da Mercedes. Voltando ao time desde 2017, Allison fechou um novo acordo “multianual” (conforme a mais nova moda no esporte a motor) para comandar o time técnico de Brackley.

Este comunicado vem logo após a renovação de Toto Wolff no posto de Chefe de Equipe até 2026. Allison, Hamilton e Wolff formam a “trindade dominadora” da Mercedes no período 2014-2020 e vem agora para tentar recuperar pelo menos algum tipo de protagonismo que se perdeu desde a mudança do regulamento em 2022.

Não podemos esquecer que Allison ficou algum tempo afastado do dia a dia da F1, atuando na área de Engenharia Especial da Mercedes. Seu substituto, Mike Eliott, já fazia parte do time de engenheiros e se esperava uma transição suave, já que a filosofia se manteria. Mas a Mercedes se perdeu e Allison foi convocado ano passado para tentar salvar o W14 e pensar o futuro do time.

Independente do quadro pintado aqui parecer otimista demais, afinal de contas a esta altura um ano atrás, os discursos de que as coisas melhorariam eram bem semelhantes. Lembrando da velha máxima do mercado financeiro, “sucessos passados não são garantia de ganhos futuros”, é necessário que se tenha cautela.

Só que há uma situação que se apresenta nos últimos tempos e o modo que a renovação de James Allison é tratada que levam a pensar em um artigo que escrevi quase 25 anos atrás e que se consolida: a era dos técnicos em detrimento dos pilotos na F1.

Não podemos esquecer que a F1 é, antes de tudo, um campeonato de engenharia. Afinal de contas, o objetivo é ver quem faz o melhor carro dentro de um regulamento dado. Os pilotos, por mais talentosos que sejam, acabam tendo seu desempenho restrito pelo carro. Aí mais uma velha frase do automobilismo entra em ação: é mais fácil um piloto ruim andar bem em um bom carro do que um piloto bom ir bem em um carro ruim.

Não podemos reduzir o papel do piloto. Mesmo assim, tem parte importante e, quando carro e piloto se juntam no momento certo, tudo se potencializa. Vimos isso várias vezes na F1 e podemos citar Hamilton/Mercedes e Verstappen/Red Bull como exemplos mais recentes de quando a simbiose chega a um alto nível de sucesso.

Olhando para trás, os elementos das pranchetas tiveram seu reconhecimento ao longo do tempo. Podemos citar Colin Chapman, John Cooper, Mauro Forghieri, Gordon Murray, John Barnard…tanto que estabeleceram novos padrões e levaram os limites mais além. Só que mais recentemente, os Diretores Técnicos começaram a ter esta preponderância.

Podemos sim citar o caso de Adrian Newey. É tido como a principal cabeça pensante do sucesso da Red Bull. Mas como bem colocou Christian Horner em uma entrevista no ano passado, o time hoje se estrutura em uma filosofia, uma ideia,sem depender tanto dele.

Newey, Horner e Wache: A Red Bull tenta criar um modelo que nao dependa somente de Newey
Newey, Horner e Wache: A Red Bull tenta criar um modelo que nao dependa somente de Newey
Foto: Oracle Red Bull Racing / Red Bull Pool Content

Uma equipe de F1 hoje pode oscilar entre 400 a 900 pessoas. O Diretor Técnico atua como um grande coordenador de ideias, um direcionador de conceitos. Resumindo: um grande maestro das áreas de aerodinâmica, mecânica, dinâmica, eletrônica, elétrica... A sua atuação pode sim determinar o sucesso ou o fracasso de um projeto.

É importante sim se reconhecer a importância de cada um neste sucesso. O piloto, embora hoje tenha menos importância no processo do que antes, ainda é um fator desequilibrador. Sua atuação também pode significar vitórias e evolução. A aura atual não tanto de um herói sobrevivente como no passado, mas funciona como o rosto visível e humano de um conquistador, de alguém bem-sucedido. Mas que é altamente dependente do trabalho de um time a seu favor.

Não deixa de ser estranho ver gente comemorando mais o projeto de um técnico do que a manobra de um piloto. O papel dos técnicos deve ser valorizado sim. Muita gente trabalha para no final de 2 horas de corrida, os pilotos possam chegar ao pódio, pontuar. Mas que se faça o real reconhecimento de cada um.

Mesmo assim: bem-vindo à era dos técnicos.

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