Análise Técnica F1 2022: McLaren MCL36

A McLaren fez uma apresentação extensa de suas equipes nas mais diversas categorias na última sexta-feira (dia 11), culminando com a mostra do MCL36, carro a ser conduzido por Daniel Ricciardo e Lando Norris.

Este modelo é o primeiro efetivamente coordenado por James Key, vindo da Toro Rosso em 2019. Como quando chegou o projeto do MCL35 de 2020 estava praticamente pronto e o MCL35M foi basicamente uma adaptação ao motor Mercedes, o foco no projeto dentro do novo regulamento foi muito grande. Não que os trabalhos não fossem descartados, mas veio de uma coordenação diferente e ideias diferentes.

Mas certas coisas não ocorrem ao acaso. A McLaren vem uma reestruturação firme sob a batuta de Zak Brown e os resultados aparecem não só na pista, mas também do lado de fora. A dobradinha em Monza ano passado deu um grande ganho de ânimo para que a McLaren pudesse seguir com seu projeto de remontagem.

O MCL36 demonstrado chama a atenção inicialmente pela pintura que emula a do Porsche/Gulf, que foi usada em Mônaco 2021. O tom de azul ganha tonalidades mais claras e toma espaço junto ao preto, embora o laranja ainda seja preponderante. E vem com soluções bem interessantes...

A frente segue alta, mas em uma situação diferente da solução da Aston Martin. A preocupação em direcionar o ar para a parte de baixo do carro está lá. Mas resolve adotar uma estrutura mais fina e usa um pouco mais de entradas na aba lateral para escoar o ar, podendo gerar alguns fluxos diferentes(os conhecidos vórtices). Ajudou o fato da equipe de projetos adotar uma solução mais usada para a suspensão dianteira: o MCL36 usa a suspensão saíndo da parte de baixo do carro (pull rod). Isso permite fazer uma frente mais baixa, diminuindo o arrasto e direcionando mais o ar para os tuneis inferiores, em princípio.

O que chamou mais a atenção foi a lateral. Enquanto a Aston Martin inicialmente adotou uma solução mais longa e cheia de espaços para refrigeração, a McLaren adotou um conceito mais escavado e bem enxuto na parte traseira. Sabendo dos problemas de refrigeração da Unidade de Potência da Mercedes ao longo dos últimos anos, uma opção de uma traseira menos roliça e sem grelhas gritou. Embora os túneis para a geração do “efeito solo” sejam praticamente amarrados por força das regras, a opção foi por tentar direcionar ao máximo o ar para a parte traseira, para aumentar a força para o aerofólio e o difusor.

Coincidentemente, a parte traseira foi pouco mostrada. Aparentemente, as saídas de ar de refrigeração foram direcionadas para perto do escapamento.  Mas o difusor não foi mostrado... Dentro do novo conceito, os túneis inferiores que gerarão o principal da pressão aerodinâmica, mas os difusores terão ainda uma importância relevante neste campo. Na suspensão, o MCL também é ousado e usa o conceito do braço principal sair de cima da estrutura (pushrod). Simplesmente, é o inverso do que foi apresentado até aqui.

Pelo pouco mostrado e e mesmo considerando que ainda veremos mais diferenças nos próximos testes, o MCL36 se mostrou mais “agradável” aos olhos por conta de suas linhas mais esguias em relação ao que apresentou a Aston Martin e até mesmo a Haas. A McLaren espera não lutar por título ainda este ano, mas quer sim fazer que as vitórias voltem a ser mais constantes.