Último desejo! Marido morre e esposa revela o que fez com o corpo
Em meio ao luto, Elisabete Maria Miranda cumpre último desejo do marido: doar o corpo para estudos na Universidade Federal do Paraná
A dor do luto se transformou em um gesto de amor e dedicação à ciência para a professora Elisabete Maria Miranda, de 68 anos. Após a morte de seu marido, Ersio Miranda, aos 72, ela cumpriu o último desejo do companheiro: doar o corpo dele à Universidade Federal do Paraná (UFPR) para fins de ensino e pesquisa.
Ersio Miranda, que tinha uma carreira no direito, desenvolveu o desejo de doar seu corpo após assistir a uma aula de medicina legal. O ato, que ele conseguiu oficializar em 2020 por meio de uma escritura de doação, tornou-se uma missão para a esposa, dois meses após o falecimento dele.
A doação foi concretizada com o corpo sendo transportado de Mogi das Cruzes (SP) para Curitiba (PR), estado natal de Ersio. A professora Elisabete encarou a despedida final como uma "dupla viagem": a da alma de seu marido, que ela acredita ter ido para o céu, e a do corpo, que partiu para servir à ciência.
"Um corpo sem vida ou é sepultado ou cremado. Mas, no caso do Ersio, foi além. Ele foi para o ensino e a pesquisa", afirmou Elisabete, reforçando a crença de que a alma se separa do corpo ao fim da vida.
O desejo de doação ganhou um significado ainda maior quando, seis meses após a oficialização, a família descobriu que Ersio estava com câncer de próstata avançado, que se espalhou por toda a estrutura óssea.
Mesmo durante o sofrimento do tratamento oncológico, o empresário manteve a convicção de que precisava cuidar do corpo para que ele fosse útil à formação de novos profissionais da saúde. Ele resistiu à doença por cerca de um ano e meio, falecendo em junho deste ano.
"Ainda em vida, disse olhando para os olhos dele: 'fique tranquilo que farei tudo para que sua vontade seja feita'", lembrou Elisabete.
A universidade arcou com os custos do deslocamento do corpo, cabendo a Elisabete a tarefa de mediar a comunicação com a funerária. Ela conta que a hora mais difícil foi voltar para casa sozinha, mas encontrou conforto em cumprir a vontade do marido.
A professora usa sua experiência para incentivar a doação de corpos, um tema que ela, inicialmente, considerava "muito inovador". Ela acredita que o legado de Ersio é uma oportunidade para as pessoas ajudarem outras, sendo a doação um ato de consciência e generosidade.