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Realidade aumentada: a nova onda do setor móvel

21 jan 2011 - 11h32
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Maartens Lens-Fitzgerald usa uma brincadeira como assinatura de seus emails: "Esta mensagem pode ter sido escrita de cima de uma bicicleta." O gracejo pode representar um pedido de desculpas pelos erros ortográficos, uma alusão ao fato de que ele é holandês ou um indicador de sua imaginação excêntrica. Ou talvez, já que ele é presidente de uma companhia que planeja combinar o mundo virtual ao mundo físico, devemos entendê-la literalmente.

Lens-Fitzgerald, 39, fundou uma das companhias que mais atraem interesse no mercado das comunicações móveis, a Layar. O objetivo da companhia holandesa é nada menos que se tornar a plataforma preferencial para a Realidade Aumentada (RA), uma nova e florescente mídia. Com o uso de celulares inteligentes e tablets, a RA sobrepõe informações virtuais —textos, imagens, jogos— às imagens físicas do mundo que nos cerca.

Alguns executivos do setor móvel acreditam que a RA tem imenso potencial. Embora as receitas diretas de RA representem apenas algumas dezenas de milhões de dólares no momento, o número deve dobrar a cada ano e atingir os 350 milhões de dólares em 2014, de acordo com a ABI Research, da Nova York. O impacto no setor móvel e na indústria da computação como um todo pode ser ainda maior, convencendo os usuários a usar seus aparelhos móveis ainda mais do que já fazem.

A Samsung Electronics usou o Layar como recurso de maior destaque em muitos dos anúncios de seu mais bem sucedido modelo de celular inteligente, o Galaxy S, que surgiu no ano passado como principal rival do iPhone e gerou 5 bilhões de dólares em receita.

Em agosto de 2009, quando a revista "Wired" publicou que "se você não estiver vendo dados, não estará enxergando", a RA ainda era mais fantasia que a realidade. Mas no ano passado empresas de todo o mundo começaram a usar aplicativos que usam RA e tentam tornar o mundo virtual parte inerente de nossas vidas cotidianas. Pesos pesados da tecnologia como, Apple, Google, Intel, Nokia, Qualcomm e Samsung detectaram a tendência e estão desenvolvendo estratégias de RA.

Influenciados por escritores de ficção científica como William Gibson e Vernor Vinge, e pela série de animê "Denno Coil", de Mitsuo Iso, Lens-Fitzgerald e alguns outros empresários lideram essa potencial revolução.

A Intel Capital, divisão de capital para empreendimentos da Intel, investiu 10 milhões de euros (13,4 milhões de dólares) na Layar no final de 2010. "Outras empresas se concentram em tecnologia, mas a Layar se concentra em uso, o que é único", diz Marcos Battisti, diretor regional da Intel Capital. Mas então vem a conhecida ressalva: "Os números são grandes, a tecnologia atrai o usuário" diz ele. "Mas a questão é como gerar dinheiro com ela."

Sentado enquanto almoça sanduíche e leite com colegas no escritório aberto da companhia em Amsterdã, Lens-Fitzgerald afirma que a questão do lucro, apesar de importante, não chega ao ponto: "A promessa dessa tecnologia é tão grande que nós não queremos nos limitar com um plano de negócios."

Analistas de tecnologia da Forrester também enxergam potencial para a RA se tornar uma força que vai mudar fundamentalmente a maneira como as pessoas se comportam.

"Nos próximos anos, será uma tecnologia que mudará a maneira como consumidores interagem com seus ambientes", disse Thomas Husson, da Forrester.

Uma coisa, porém, está clara: se a onda sobre o RA parece algumas vezes como uma segunda versão do boom das empresas de Internet, então a sequência será em 3D, ou até 4D.

Muitos dos aplicativos até agora dependem de onde está o usuário, do que ele vê ao seu redor e são acionados pelo movimento no espaço. "Localização", escreveu o chefe de vendas da Nokia, Niklas Savander, no Twitter em outubro, "será a próxima grande onda."

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