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Black Friday 2018: Brasileiro quer celular com telona e câmera boa

Além de painéis maiores e, de preferência, câmera dupla, o smartphone da preferência nacional custa cerca de R$ 1,3 mil

18 nov 2018 - 07h19
(atualizado em 22/11/2018 às 10h56)
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Está aberta a temporada de compra de celulares no Brasil. Com as promoções da Black Friday nesta semana e o Natal logo adiante, tem início o período mais intenso de vendas desses dispositivos no País. Mas com tantos modelos disponíveis, o que faz a cabeça do consumidor brasileiro?

Há algumas temporadas, os brasileiros seguem o lema "quanto maior, melhor". Assim, é quase obrigatório que os celulares sejam equipados com telas grandes, o que resultou no agigantamento dos painéis.

Segundo Renato Meireles, analista da consultoria International Data Corporation (IDC Brasil) para dispositivos móveis, 33% dos aparelhos no mercado tinham tela de 5,6 polegadas no começo do ano de 2017. Hoje, 54% têm telas entre 5,6 e 6 polegadas - além do vidro nas pontas, o que a Samsung batizou de "tela infinita".

O desejo por telas gigantes não apenas no Brasil pode ser comprovado na decisão da Apple de extinguir neste ano o iPhone SE, o último modelo da companhia com um singelo painel de 4 polegadas.

A câmera é um ponto fundamental. Ela precisa ser boa, tanto para fotos quanto para vídeos, e possivelmente será dupla. Já a câmera frontal deve ter ângulo de abertura grande para poder acomodar todo mundo numa selfie.

"O consumidor quer uma foto perfeita, e já entende que a câmera não é só megapixels. É um composto de leitor óptico e software - um ponto importante é a inteligência artificial para uma velocidade maior de captura", diz Meireles.

Claro, é necessário ter onde guardar tantas fotos. "Uma característica do mercado brasileiro é priorizar aparelhos com mais armazenamento", diz Renato Citrini, gerente de produto da divisão de dispositivos móveis da Samsung Brasil.

Em função disso, é comum que o mínimo procurado seja 32 GB. Sem contar o interesse por cartões de memória - coisa que o iPhone não aceita.

Poder da marca. Uma das características mais marcantes do consumidor brasileiro, segundo executivos de fabricantes e varejistas, é que ele é sensível a marcas. Ou seja, se confrontado com dois aparelhos iguais, mas um de marca conhecida e o outro de marca desconhecida, tende a ficar com a que conhece.

"A credibilidade da marca segue como o principal fator para a decisão final de compra do consumidor brasileiro", diz Rodrigo Vidigal, diretor de vendas para varejo da Motorola.

Isso ajuda a entender por que fabricantes asiáticas, principalmente as chinesas, têm dificuldades em se instalar por aqui. Apesar de gerar comoção em pequenos nichos, as passagens de Xiaomi e HTC pelo Brasil foram um fiasco, com vendas tímidas e disponibilidade reduzida de modelos.

Quer pagar quanto? O preço, claro, também tem papel importante, mas isso não significa que o consumidor brasileiro mire apenas nos celulares mais baratos. A maior oferta de modelos é na categoria de intermediários - entre R$ 1 mil e R$ 1,8 mil.

A Samsung, por exemplo, afirma ser responsável por 47% do total do mercado brasileiro de smartphones apenas com a linha J, essencialmente de modelos intermediários. A fabricante cita como fonte a consultoria GfK, que não confirmou o dado para a reportagem.

Já a Motorola disse que superou a marca de 32 milhões de unidades vendidas com o Moto G, celular que popularizou os intermediários no País.

"Nós já sabemos que o brasileiro hoje está na terceira, quarta, quinta geração de smartphone, como um mercado maduro. Aqui, quando ele troca de aparelho, sempre busca um modelo melhor e mais tecnológico", conta Citrini.

A busca por um aparelho melhor significa que ele terá componentes mais caros, como tela, processador e câmera. Isso sem contar a variação do dólar, que vem aumentando os preços dos aparelhos - alguns modelos vendidos aqui são totalmente importados.

O executivo da Samsung diz que o valor médio atual fica entre R$ 1 mil e R$ 1,2 mil. "Há três, quatro anos, o tíquete médio era metade disso". A IDC vê o valor médio um pouco mais alto: R$ 1,3 mil.

De qualquer maneira, as fabricantes esperam por boas vendas na Black Friday, já que em 2018, o mercado de celulares encolheu 4,6%, de acordo com a IDC.

Cobiçados. Os smartphones premium e super premium - linhas mais caras entre os lançamentos das principais fabricantes - não são a primeira opção do brasileiro, mas estão entre os principais sonhos de consumo. Com preços que variam entre R$ 2 mil e R$ 10 mil, esses celulares são menos comercializados durante o ano, mas são alguns dos mais visados pelo consumidor nas vendas de Black Friday.

Segundo a IDC Brasil, o número de brasileiros que buscam celulares premium (até R$ 3 mil) e super premium (acima de R$ 3 mil) tem crescido. Em 2017, este segmento representava fatia de apenas 3% nas vendas totais. Em 2018, o porcentual subiu para 5%.

Parte desse crescimento pode ter relação com aspectos culturais. Estudo feito pela IDC, mostra que na Índia, por exemplo, outro grande mercado emergente, a maioria dos usuários se manteve nos aparelhos de entrada, em vez de apostar em modelos intermediários ou nos ponta de linha.

Para Renato Meireles, analista da IDC Brasil, o brasileiro considera smartphones de luxo símbolo de status social e, por isso, investir em modelos com tecnologias avançadas e design arrojado é cogitado mesmo em épocas orçamento apertado.

"Diferentemente de outros países, o brasileiro gosta de exibir o celular. No bar, a primeira coisa que ele faz é colocar o aparelho na mesa. Quanto mais bonito e caro, melhor", diz.

Apesar do desejo pelos "supersmartphones", a média do valor máximo que um usuário do País está disposto a gastar, segundo o IDC, é R$ 3 mil, preço bem abaixo dos R$ 10 mil necessários para comprar, por exemplo, um iPhone XS Max, o mais caro da Apple, lançado recentemente no País. /COLABOROU GIOVANNA WOLF

Estadão
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