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Avaliada em US$ 1,88 tri, Apple supera o PIB do Brasil

Empresa de Cupertino é apenas a ponta da lança do bom momento que empresas de tecnologia vivem

6 ago 2020 - 05h10
(atualizado às 08h14)
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A Apple, empresa de capital aberto mais valiosa do mundo, agora é também mais valiosa que o Brasil. Desde a terça-feira 4, a gigante da tecnologia ultrapassou a marca de US$ 1,88 trilhão em valor de mercado. Em comparação, o Produto Interno Bruto (PIB, indicador que mede a riqueza de uma nação) do País foi da ordem de US$ 1,84 trilhão em 2019, o nono no ranking internacional, segundo dados do Banco Mundial.

Logotipo da Apple na frente do prédio da companhia, em Nova York. 16/10/2019. REUTERS/Mike Segar
Logotipo da Apple na frente do prédio da companhia, em Nova York. 16/10/2019. REUTERS/Mike Segar
Foto: Reuters

Especialistas ouvidos pelo Estadão entendem que a marca ilustra como a pandemia impulsionou empresas de tecnologia listadas nas bolsas mundiais, já que os investidores notaram que o confinamento obrigaria mais pessoas a se aproveitarem da economia digital, o que inclui aparelhos, aplicativos, vendas online e serviços de streaming. "Existe toda uma cadeia de tecnologia que cresceu neste ano, como empresas de nuvem, de segurança cibernética, de e-commerce e de interface de usuário", aponta Francine Balbina, analista de fundos internacionais da Spiti, do grupo XP Investimentos.

A empresa de Cupertino, portanto, é apenas a ponta da lança. "A Apple é sempre um ótimo termômetro de como está o setor de tecnologia", diz Francine. Ela ainda compara a empresa com o mercado de fundos de investimentos brasileiros, cujo patrimônio líquido é cerca de R$ 5,6 trilhões (ou US$ 1,1 trilhão), de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). "Se somar todo o nosso mercado ou nossa riqueza, não dá uma Apple", comenta.

O último balanço da Apple, divulgado na quinta-feira passada com base no desempenho durante o trimestre da pior fase da pandemia do novo coronavírus, surpreendeu investidores e fez as ações se valorizarem 14% desde então, fechando em US$ 440 por papel na quarta-feira, 5. Os bons números foram atribuídos a todas as categorias de produtos, que cresceram em todos os cinco continentes, quando comparados com o mesmo período de 2019, antes de o novo coronavírus aparecer.

Recorde à vista

O mercado financeiro espera que, nesse ritmo, a empresa de Cupertino possa ser a primeira no mundo a romper a marca dos US$ 2 trilhões em valor de mercado.

"O valor de US$ 2 trilhões vai ser atingido nas próximas semanas, já que o último trimestre fiscal da Apple entrou para a história e foi um fator de virada para os investidores", disseram ao Estadão os analistas Daniel Ives e Strecker Backe, da consultoria financeira americana Wedbush.

Ives e Backe, em relatório publicado logo após o balanço da semana passada, notam que as vendas de um eventual iPhone 12 com tecnologia 5G (ainda não anunciados, mas esperados para outubro) devem impulsionar ainda mais ações da empresa, que podem chegar a US$ 475 cada, estimam.

Para isso, é importante para a gigante manter seus smartphones como o queridinhos entre os consumidores, principalmente no mercado chinês. "A China continua a ser importante para o crescimento da empresa e isso poderia ser impedido com smartphones de baixo custo e mais competição", escreveram, sem citar o sucesso de concorrentes como Huawei e Xiaomi no país asiático.

Em agosto de 2018, foi também a própria Apple que inaugurou o clube das empresas avaliadas trilionárias, quando ultrapassou em US$ 1 trilhão o valor de mercado. Hoje, outras companhias adentraram a casa do trilhão, como petroleira saudita Saudi Aramco e as concorrentes Microsoft (US$ 1,61 trilhão), Amazon (US$ 1,60 trilhão), Google (US$ 1,00 trilhão). O Facebook ainda não chegou lá, com US$ 709 bilhões.

Adriano Cantreva, sócio em Nova York da gestora Portofino Investimento, acredita que esse bom momento do setor de tecnologia nas bolsas mundiais não tem data para acabar, ao menos não agora. Mesmo com o arrefecimento da pandemia no mundo, a intensificação de serviços digitais não deve ser deixada de lado nem pelas empresas nem pelas pessoas. "É difícil dizer onde essas empresas vão parar, porque elas têm muito em que crescer. Se continuarem trabalhando como têm trabalhado, o céu é o limite."

Estadão
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