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"Serei um operário", diz novo líder do governo no Congresso

Nomeado para substituir Joice Hasselmann, Eduardo Gomes (MDB) aposta em perfil discreto para garantir votações

17 out 2019 - 20h53
(atualizado às 20h56)
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O novo líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), aposta em um perfil discreto para tentar evitar que a crise no PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, comprometa a agenda do governo no Congresso.

"De maneira bem tranquila, discreta, porque líder tem de trabalhar pela convergência e com foco nas matérias de interesse do governo e do País, então eu fico tranquilo", afirmou Gomes, em entrevista ao Estadão/Broadcast, procurando definir seu perfil. "Eu vou ser um operário."

O novo líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO)
O novo líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO)
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado / Estadão Conteúdo

Depois que Bolsonaro viu assinatura da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) em uma lista para manter Delegado Waldir (GO) na liderança do PSL na Câmara, Gomes foi escolhido para substituir a parlamentar no cargo. A escolha foi oficializada em uma reunião no Planalto com Bolsonaro e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, na manhã desta quinta-feira, 17. À tarde, o Palácio do Planalto formalizou a indicação no Diário Oficial da União.

Eduardo Gomes era um dos vice-líderes do governo no Senado, atua alinhado com o presidente Jair Bolsonaro e é fiel nas votações - votou contra desidratar a reforma da Previdência e a favor do decreto presidencial que flexibilizou o porte de armas. O perfil levou Bolsonaro a escolher o emedebista como novo líder no Congresso.

Pela frente, terá a missão de articular a análise do Orçamento de 2020 e preparar o terreno para as pautas do Planalto no ano que vem, entre elas a reforma tributária. Na avaliação de Gomes, não será possível emplacar mais nenhuma grande proposta em 2019 após a conclusão da reforma da Previdência no Senado.

Da esquerda ao Centrão, o histórico do novo líder do governo

Gomes já passou por vários partidos, da esquerda ao Centrão: foi do PP, PSB, PSDB e Solidariedade. No começo deste ano, se filiou ao MDB a convite do senador Renan Calheiros (AL) e do então presidente nacional da sigla, Romero Jucá, em uma articulação de um voto a mais para Renan ser o candidato da legenda à presidência do Senado, minando as chances de Simone Tebet (MDB-MS) ser o nome da legenda na disputa.

Foi vereador, ocupou três mandatos de deputado federal e, filiado ao Solidariedade, se elegeu ao Senado pelo Tocantins no ano passado. É afilhado político do ex-governador Siqueira Campos (DEM).

Inicialmente, Campos é quem seria candidato ao Senado, com Eduardo Gomes na suplência, mas os dois trocaram de posto após o ex-governador avaliar que seu estado de saúde não o deixaria exercer oito anos de mandato. Neste ano, o titular se licenciou por um mês para que Siqueira Campos ocupasse a vaga na Casa, enquanto Gomes assumiu uma secretaria no Governo do Tocantins.

O novo líder quer evitar que a crise no PSL se transforme em uma bomba-relógio na agenda do governo. "Ela (a disputa no partido) não reflete na votação de matérias nacionais. É só você olhar a coerência de quem votou nas matérias do governo e quem não vai mudar de voto por uma questão partidária. Quem votou por convicção na reforma da Previdência vai continuar votando nas matérias do governo", afirmou Eduardo Gomes. "Após a reforma da Previdência, o ambiente de base está formado para votação de grandes matérias."

'Senador com alma de deputado'

O senador foi primeiro-secretário da Câmara em 2011 e 2012, quando Marco Maia (PT-RS) comandou a Casa. O histórico faz Gomes apostar que vai circular bem entre os deputados para a votação de propostas do governo no Congresso. "Sou um senador com alma de deputado", afirmou.

Em relação à pauta do governo, o novo líder vai se concentrar na conclusão da reforma da Previdência no Senado - que não tem maiores obstáculos - e no fechamento do Orçamento, pendente de votação no Congresso.

Outros temas, como a reforma tributária, ficarão para 2020. Ele é apoiador da ideia de criar uma comissão mista da proposta entre Câmara e Senado e fechar um texto comum.

"Vamos ter de entrar o ano afinado. É um ano difícil, de eleição municipal. Eu acredito que este ano é Orçamento e reforma da Previdência", afirmou. "É uma consequência de votação por causa do calendário."

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Estadão
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