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Opinião: Covid-19 é crise de saúde que define nosso tempo

18 mai 2020 - 15h25
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Coronavírus abalou bases de sistemas de saúde, economias e sociedades em todo o mundo. História julgará ações que forem tomadas após o fim da pandemia, avaliam diretor-geral da OMS e comissária europeia.No momento da redação deste artigo, cinco dos seis países mais afetados pelo novo coronavírus estão na Europa. E apesar de o continente europeu estar lutando para controlar a epidemia de covid-19, ele também está desempenhando um papel de liderança na construção da solidariedade global.

Epidemia é oportunidade para criar sistemas de saúde mais resilientes, apontam chefe da OMS e comissária europeia
Epidemia é oportunidade para criar sistemas de saúde mais resilientes, apontam chefe da OMS e comissária europeia
Foto: DW / Deutsche Welle

Mesmo estando distante fisicamente uns dos outros como indivíduos, precisamos nos reunir coletivamente como atores no palco global.

A União Europeia (UE) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) compartilham o compromisso de apoiar comunidades e países vulneráveis em todo o mundo. Permanecer unidos como comunidade global é particularmente crucial agora, porque estamos juntos nisso, já que a doença não conhece fronteira e nem discriminação. Enquanto ela estiver afetando alguns de nós, nenhum de nós está seguro.

Para apoiar a resposta global à covid-19, a União Europeia e seus Estados-membros propuseram recentemente o pacote de ajuda humanitária "Team Europe", que está crescendo para bem mais de 23 bilhões de euros (143 bilhões de reais). Obviamente, o Team Europe dividirá partes de sua resposta à pandemia com as Nações Unidas.

Como em tantas outras crises, os mais vulneráveis são os que mais sofrem e devem ser o nosso foco. A UE está apoiando o Plano Estratégico de Preparação e Resposta da OMS com 30 milhões de euros em novos fundos, voltados a fortalecer a preparação e resposta emergenciais em países com sistemas de saúde fracos ou afetados por crises humanitárias.

Além disso, a Comissão Europeia, a OMS e parceiros de todo o mundo também se uniram para lançar a iniciativa Acelerador de Acesso às Ferramentas Covid-19, para impulsionar o desenvolvimento, a produção e a distribuição equitativa de vacinas, diagnósticos e terapias para combater a pandemia, de forma que todos tenham acesso igualitário a esses produtos que salvam vidas.

Mas nossa parceria vai muito além da atual crise.

A pandemia explora as lacunas e desigualdades nos sistemas de saúde, ressaltando a importância de investir em trabalhadores e na infraestrutura desse setor, bem como em sistemas para prevenir, detectar e responder a surtos de doenças.

Nas tendências atuais, mais de 5 bilhões de pessoas não terão acesso a serviços essenciais de saúde até 2030, incluindo a capacidade de consultar com um profissional de saúde, o acesso a medicamentos essenciais e água corrente em hospitais.

Mesmo quando os serviços estão disponíveis, usá-los pode significar ruína financeira para milhões. Essas lacunas não prejudicam apenas a saúde de indivíduos, famílias e comunidades; elas também afetam a segurança global e o crescimento econômico.

O mundo gasta cerca de 7,5 trilhões de dólares (43,2 trilhões de reais) em saúde a cada ano - quase 10% do PIB global. Mas muitos países dedicam muito deste orçamento ao tratamento de doenças em hospitais, onde os custos são mais altos e os resultados geralmente piores, em vez de promover a saúde da população e prevenir doenças com cuidados sanitários primários.

A pandemia de covid-19 vai acabar retrocedendo, mas não há como voltar à antiga normalidade. Enquanto trabalhamos para responder a essa pandemia, também devemos nos preparar para a próxima. Há agora uma oportunidade de lançar as bases para sistemas de saúde resilientes em todo o mundo.

Investimentos para fortalecer a infraestrutura de saúde e a força de trabalho são a única maneira de evitar futuras crises globais como a que estamos enfrentando agora. Se tivermos aprendemos algo com a covid-19, é que investir em saúde agora é salvar vidas mais tarde.

A história nos julgará não apenas pelo fato de termos passado por essa pandemia, mas também pelas lições que aprendemos e pelas ações que tomaremos depois de seu fim.

Tedros Adhanom Ghebreyesus é o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde. Jutta Urpilainen é a comissária responsável por parcerias internacionais na Comissão Europeia.

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