PUBLICIDADE

Mundo

UE pressiona AstraZeneca e faz acusações sobre entrega de vacina

Reunião marcada para hoje será feita em clima de tensão

27 jan 2021 - 12h20
(atualizado às 18h17)
Compartilhar
Exibir comentários

A discussão que se tornou pública entre a União Europeia e a farmacêutica AstraZeneca sobre a entrega das vacinas anti-Covid ganhou novos contornos nesta quarta-feira (27) - horas antes das duas partes sentarem para uma reunião.

Fontes europeias afirmam que o bloco contestou as declarações públicas do CEO da empresa, Pascal Soriot, de que seriam entregues menos imunizantes do que o programado por uma certa demora dos europeus em firmarem o contrato, e pediu que a cláusula de segredo sobre o contrato fosse retirada.

Em particular, há o questionamento sobre a AstraZeneca limitar toda a produção para os países do bloco em uma única fábrica na Bélgica, que produziria ainda doses para o Reino Unido.

A irritação dos países da UE ainda vem do fato de que eles cobram que colocaram dinheiro no desenvolvimento da vacina contra o coronavírus Sars-CoV-2.

"Com a AstraZeneca, nós assumimos os riscos de investimento, financiando com o dinheiro dos contribuintes europeus. [Por isso] a empresa deve fazer o 'melhor esforço possível' e produzir para nós", disse uma das fontes, ironizando a frase de Soriot, à ANSA. Segundo o representante, o bloco investiu 336 milhões de euros na produção - mesmo que algumas dessas parcelas só serão pagas de acordo com a produção.

Após uma reunião interna, a comissária para a Saúde, Stella Kyriakides, afirmou que os "desenvolvedores das vacinas têm obrigações morais e contratuais".

"E o 'máximo esforço possível' não é aceitável, nem correto. Nós assinamos um contrato de pré-compra para fazer sim que eles produzissem determinados volumes de vacinas antes da autorização da EMA [Agência Europeia de Medicamentos]. Rejeitamos a lógica de 'quem chega antes' porque não há cláusula de prioridade no contrato que assinamos", acrescentou Kyriakides.

Os dois lados estão realizando diversas reuniões sobre o assunto e os europeus estão irritados com a postura da farmacêutica. O acordo com a AstraZeneca prevê a compra de 300 milhões de doses da vacina AZD 1222, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, com a opção de adquirir mais 100 milhões após comprovação da eficácia.

É esperado que até o fim dessa semana, a EMA autorize o uso emergencial da vacina em todos os países do bloco, por isso a pressa em ajustar os detalhes das entregas. Até o momento, a UE tem disponíveis duas vacinas: a da Pfizer/BioNTech e a da Moderna.

A AZD 1222 já está sendo usada em diversos países, como o Reino Unido, a Índia e o Brasil, além de ter autorização para uso emergencial em diversas nações pelo mundo. 

Clareza - 

A União Europeia cobrou clareza da farmacêutica AstraZeneca sobre a entrega das vacinas anti-Covid e afirmou que as obrigações contratuais devem ser respeitadas e as doses distribuídas aos cidadãos europeus.

Em uma publicação no Twitter, a comissária para a Saúde, Stella Kyriakides, afirmou que teve uma "troca construtiva com Pascal Soriot, CEO da AstraZeneca, sobre as entregas de sua vacina após aprovação".

"As obrigações contratuais devem ser respeitadas, as vacinas devem ser entregues aos cidadãos da UE", escreveu a executiva, lamentando a "contínua falta de clareza no cronograma de entrega".

"Pedimos à AstraZeneca um plano claro para a entrega rápida da quantidade de vacinas que reservamos para o primeiro trimestre.Trabalharemos com a empresa para encontrar soluções e entregar as vacinas rapidamente", completou.

A publicação foi feita pouco depois da imprensa, citando fontes ligadas ao bloco, informar que a empresa tinha cancelado a reunião prevista para hoje com representantes da UE. .

Ansa - Brasil   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade