PUBLICIDADE

Mundo

Repressão sem trégua e novo atentado em Damasco

Compartilhar

DAMASCO, 28 Jun 2012 (AFP) -A violência e a repressão contra a revolta na Síria prosseguiam nesta quinta-feira, com um novo atentado em Damasco, a dois dias de uma reunião internacional sobre um conflito que se anuncia difícil devido à persistente recusa da Rússia em aceitar uma solução externa.

Um atentado a bomba no estacionamento do Palácio de Justiça, no centro de Damasco, deixou três feridos nesta quinta-feira, informaram os meios de comunicação estatais, que atribuíram os atos a "terroristas".

Na quarta-feira, um ataque contra o canal oficial Al-Ikhbariya, perto de Damasco, matou sete pessoas.

Segundo uma fonte policial, duas bombas presas a dois veículos de magistrados foram detonadas no estacionamento.

No restante do país, os bombardeios das tropas do governo contra os redutos rebeldes e os intensos combates entre soldados e rebeldes, cada vez mais próximos da capital, sob controle das forças do regime de Bashar al-Assad, deixaram pelo menos 21 mortos, segundo uma ONG síria.

Na quarta-feira, 149 pessoas morreram em um dos dias mais violentos desde 15 de março de 2011, quando teve início a contestação pacífica, que passou a ter um aspecto cada vez mais militar devido à repressão do governo e à inação da comunidade internacional.

Centenas de pessoas, em sua maioria civis, incluindo mulheres e crianças, morreram nas últimas semanas, de acordo com ativistas.

Os bombardeios se concentram contra os redutos rebeldes de Homs (centro), Deir Ezzor (leste), Douma, perto de Damasco, e Idleb (noroeste), defendidas de maneira intensa pelos insurgentes em meio a uma situação humanitária dramática.

Mais de 15.800 pessoas, a maioria civis, morreram em 15 meses.

Assad, cuja família governa a Síria com mão de ferro há quatro décadas, reiterou na terça-feira a determinação de ganhar a guerra no país.

Alegando ter o apoio de grande parte da população, o regime de Assad não reconhece os protestos e a afirma combater "grupos terroristas" sob ordens de estrangeiros.

Neste contexto sombrio será realizada no sábado, em Genebra, uma reunião do "grupo de contato" sobre a Síria, por iniciativa do emissário internacional Kofi Annan, na presença dos chefes da diplomacia das grandes potências (Rússia, China, Estados Unidos, Reino Unido, França) e de três Estados árabes, assim como dos secretários-gerais da ONU e da Liga Árabe.

Annan deseja centrar o debate na instauração de um governo de coalizão que lidere a "transição", integrado por partidários de Assad e membros da oposição.

As considerações de Annan sugerem que Assad pode ser excluído, segundo uma fonte diplomática na ONU.

Mas o governo russo, principal aliado do regime sírio, afirmou que não existe acordo final sobre o plano proposto por Annan e manteve a posição de rejeitar uma solução imposta do exterior, em particular no que diz respeito ao destino de Assad.

"A Rússia não pode apoiar, nem apoiará uma solução que seja imposta do exterior", declarou o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, na véspera de uma reunião em São Petersburgo com a secretária de Estado americana Hillary Clinton, que manifestou o apoio dos Estados Unidos ao "mapa do caminho" de Annan.

Lavrov lamentou que o Irã, aliado de Damasco e grande inimigo dos ocidentais, não participe na reunião e reafirmou que o futuro de Assad deve ser decidido em um diálogo nacional.

Mas o Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, anunciou que se recusa a participar em um governo "enquanto Assad não for expulso do poder".

O porta-voz do CNS, Georges Sabra, anunciou uma reunião para 2 de julho no Cairo do "conjunto da oposição para definir uma visão unificada sobre o período de transição e o futuro da Síria".

Também nesta quinta-feira, a Turquia mobilizou um comboio de veículos militares e uma bateria de mísseis terra-ar na fronteira com a Síria, depois que um de seus aviões de combate foi derrubado pela Síria em 22 de junho, segundo a imprensa.

bur-ram/fp/dm

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade