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Oriente Médio

Ofensiva jihadista causa fuga de 100 mil cristãos no Iraque

Os extremistas retiraram as cruzes das igrejas e assumiram controle de várias cidades do norte do país

7 ago 2014 - 08h04
(atualizado às 11h32)
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Minorias iraquianas estão fugindo das cidades tomadas pelos extremistas
Minorias iraquianas estão fugindo das cidades tomadas pelos extremistas
Foto: Stringer / Reuters

Os jihadistas, que nesta quinta-feira assumiram o controle de várias cidades ao norte do Iraque, provocaram a fuga de 100 mil cristãos e retiraram as cruzes das igrejas, anunciou o patriarca caldeu Louis Sako.

"Há 100 mil deslocados cristãos que fugiram, alguns a pé, para a região do Curdistão", afirmou o patriarca à AFP".

Os jihadistas assumiram nesta quinta-feira o controle de Qaraqosh, a maior cidade cristã do país, e outras áreas perto de Mossul (norte), segundo testemunhas e representantes religiosos. Qaraqosh é uma cidade totalmente cristã que fica entre Mossul, principal cidade sob controle dos jihadistas do Estado Islâmico (EI), e Erbil, a capital regional curda. Tem população de 50 mil pessoas.

"É uma catástrofe, uma situação trágica. Pedimos ao Conselho de Segurança da ONU que atue de maneira imediata. Dezenas de milhares de pessoas aterrorizadas estão sendo expulsas de suas casas no momento em que conversamos. Não é possível descrever o que está acontecendo", disse à AFP o monsenhor Joseph Thomas, arcebispo caldeu de Kirkuk e Suleimaniya.

Tal Kaif, que tem uma comunidade cristã significativa e integrantes da minoria xiita shabak, também foi abandonada por moradores durante a noite.

"Sei que as cidades de Qaraqosh, Tal Kaif, Bartela e Karamlesh viram a saída da população e estão agora sob controle dos milicianos", afirmou Jospeh Thomas, arcebispo caldeu de Kirkuk e Suleimaniya, à AFP.

"Tanto o governo como as autoridades curdas são incapazes de defender nosso povo. Devem trabalhar juntos, com apoio internacional e equipamento militar moderno", completou.

"Hoje fazemos um apelo com muita dor e tristeza ao Conselho de Segurança da ONU, à União Europeia e às organizações humanitárias, para que ajudem estas pessoas em perigo", insistiu.

"Espero que não seja tarde para evitar um genocídio", completou o patriarca.

Onze cristãos iraquianos, membros da mesma família, chegaram nesta quinta-feira a Paris com visto de asilo. Eles descreveram a situação dos cristãos do Iraque como "catastrófica".

Centenas de yazidis fogem para a Turquia

Centenas de yazidis do Iraque, uma minoria em perigo ante o avanço dos jihadistas sunitas, estão buscando refúgio na Turquia, informou uma fonte oficial turca que pediu para não ser identificada.

Segundo a fonte, o número exato de refugiados ainda não é certo, mas outra fonte diplomática falou de algo em torno de 600 e 800 pessoas.

Os refugiados estão abrigados em um complexo de Silopi, cidade situada nas proximidades da fronteira entre o Iraque e a Turquia.

Outros refugiados, famílias inteiras que tiveram de caminhar por horas em água ou alimentos, estão à espera de permissão para entrar na Turquia.

"Não discriminamos de forma étnica nem religiosa quem quiser vir para a Turquia", indicou o ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, ao canal NTV.

Ele enfatizou, no entanto, que em vista da experiência síria, a Turquia, que recebeu mais de 1,2 milhão de refugiados sírios desde o início do conflito neste outro Estado fronteiriço, preferia abrigar os refugiados iraquianos, sejam yazidis, turcomanos (comunidade de língua turca) ou curdos, em campos instalados no interior do Iraque, em zonas seguras.

Davutoglu convocou para uma reunião os comandantes militares para abordar a questão humanitária e de segurança no norte do Iraque, onde a ofensiva do Estado Isâmico (EI) provoca o êxodo de milhares de cristãos.

Foto: Arte Terra

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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