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Oriente Médio

'Não vale a pena viver', diz morador da Faixa de Gaza

Israelenses e palestinos de Gaza relataram à BBC como suas vidas mudaram desde o início do conflito

14 jul 2014 - 18h02
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<p>De acordo com autoridades palestinas, 184 pessoas morreram na Faixa de Gaza desde que a operação israelense foi lançada na terça-feira passada</p>
De acordo com autoridades palestinas, 184 pessoas morreram na Faixa de Gaza desde que a operação israelense foi lançada na terça-feira passada
Foto: Adel Hana / AP

À medida que o conflito entre Israel e palestinos se intensifica na Faixa de Gaza, vão surgindo relatos de como o dia a dia de civis dos dois lados vem sendo profundamente afetado.

De acordo com autoridades palestinas, 184 pessoas morreram na Faixa de Gaza desde que a operação israelense foi lançada na terça-feira passada.

Segundo Israel, cerca de mil foguetes foram lançados da Faixa de Gaza desde então e um drone palestino teria sido abatido perto de Ashdod na manhã desta segunda-feira.

Abaixo, israelenses e palestinos de Gaza relataram à BBC como suas vidas mudaram desde o início do conflito.

Haytham Besaiso, 26 anos, engenheiro civil morador da Cidade de Gaza

Esta é a terceira guerra em cinco anos. A diferença agora é que Israel não tem um propósito ou objetivo claro. Tudo que estão fazendo é matar civis e alvejar casas. Na primeira guerra eles atacaram militantes. Na segunda, eles miraram o arsenal de armas.

A mídia ocidental atribui o confronto à morte de três jovens israelenses, mas nenhum grupo palestino assumiu a autoria do crime. Geralmente, alguém admite a responsabilidade. Ninguém sabe exatamente o que aconteceu e o que sentimos é que estamos sendo punidos coletivamente.

Viver aqui é horrível. Estamos sob cerco. Não podemos importar nada. Temos eletricidade por apenas oito horas, o que significa que não podemos construir nada.

Eu sou engenheiro civil e não há materiais de construção no mercado. A indústria foi destruída. A agricultura fortemente abalada. Não podemos sobreviver deste jeito.

Estamos deprimidos. Esta é a primeira vez que sinto que não vale a pena viver.

O mundo precisa fazer algo por nós. O processo de paz é difícil de ser alcançado e tem se arrastado pelos últimos 20 anos sem resolução. Deve haver alguma coisa que possa ser feita.

Eu sou contra o governo de Israel, não contra o povo de Israel. Mas infelizmente as pessoas têm adotado visões um pouco extremas. Acho que os israelenses estão cansados desta situação também e querem uma vida normal. Mas se realmente quisessem poderiam colocar mais pressão sobre o governo para que a paz seja alcançada, mas isso não está acontecendo.

Shimon Ben Shelaimi Zalman, clérigo de Beit Shemesh, a 30 km de Jerusalém

Eu vivenciei a Guerra do Golfo, mas meus filhos, de 13 e 11 anos, estão sofrendo com este confronto.

Eles se recusam a dormir em casa porque não temos um abrigo antiaéreo por perto ou um cômodo protegido em casa. Eles estão dormindo com amigos em um barro vizinho, em uma casa com quarto protegido.

Eu e minha mulher vamos dormir sem saber se tiramos os sapatos e roupas porque tememos ser acordados no meio da noite e ter de sair correndo. É muito difícil cair no sono com esses pensamentos na cabeça.

Sei que temos um Exército profissional e agradeço por nos protegerem, mas não podemos achar que eles terão todas as respostas.

Não fico feliz em ver civis feridos, sejam eles cristãos, judeus ou muçulmanos. Eu simpatizo com palestinos cujos filhos também estão sofrendo.

Acho que os palestinos são reféns do Hamas, a gangue terrorista que eles colocaram no poder. Infelizmente não consigo ver uma solução para isto.

Gostaria de acreditar em um cessar-fogo, mas não se resultar apenas em uma interrupção temporária do combate para que eles se rearmem e comecem a atacar novamente.

Dania, 23 anos, professora palestina de literatura inglesa.

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