Script = https://s1.trrsf.com/update-1764790511/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Nos Brics, Lula critica 'corrida armamentista' da Otan celebrada por Trump: 'Temor de catástrofe nuclear voltou'

Presidente brasileiro criticou decisão da Otan de aumentar gasto com defesa, medida que tinha sido comemorada por Trump como 'grande vitória'

6 jul 2025 - 12h22
(atualizado às 18h07)
Compartilhar
Exibir comentários
Presidente Lula, no discurso de abertura da Cúpula dos Brics, neste domingo (6/7),
Presidente Lula, no discurso de abertura da Cúpula dos Brics, neste domingo (6/7),
Foto: Rafa Neddermeyer/BRICS Brasil/Presidência da República / BBC News Brasil

No discurso de abertura da Cúpula dos Brics, neste domingo (6/7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e disse que o medo de uma "catástrofe nuclear voltou ao cotidiano".

"A recente decisão da Otan alimenta a corrida armamentista. É mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares do que alocar os 0,7% prometidos para Assistência Oficial ao Desenvolvimento. Isso evidencia que os recursos para implementar a Agenda 2030 existem, mas não estão disponíveis por falta de prioridade política", disse Lula.

"É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz", complementou.

A crítica de Lula foi em resposta à decisão da Otan, no final de junho, de aumentar os gastos em defesa dos países que fazem parte do tratado para 5% dos seus produtos internos brutos (PIB). A Otan é uma aliança militar composta por 32 países incluindo os Estados Unidos, Canadá e nações europeias.

A decisão aconteceu na primeira reunião da organização após a eleição do presidente americano Donald Trump. O aumento de gastos em defesa vinha sendo defendido por ele que, nos últimos anos, criticou os países europeus por supostamente gastarem pouco na área e deixarem os Estados Unidos como responsáveis por garantir a segurança da Europa contra ameaças estrangeiras.

O presidente dos EUA descreveu a decisão como uma "grande vitória para a Europa e... civilização ocidental".

Recentemente, a expansão da Otan em direção a países próximos à Rússia, como a Ucrânia, foi usada como um dos elementos por trás da invasão russa sobre o país europeu.

A Rússia é um dos membros fundadores dos Brics.

Em seu discurso, Lula também criticou o que classificou como a reciclagem de "velhas manobras retóricas" e a "instrumentalização" de agências da Organização das Nações Unidas (ONU) para justificar ataques militares.

"Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Assim como ocorreu no passado com a Organização para a Proibição de Armas Químicas, a instrumentalização dos trabalhos da Agência Internacional de Energia Atômica coloca em jogo a reputação de um órgão fundamental para a paz. O temor de uma catástrofe nuclear voltou ao cotidiano", disse Lula.

A crítica acontece poucas semanas após os Estados Unidos e Israel realizarem ataques aéreos a instalações nucleares iranianas sob o pretexto de que o país do Oriente Médio estaria próximo de produzir armas nucleares.

A justificativa apresentada por israelenses e norte-americanos é semelhante à usada pelos Estados Unidos em 2003 durante a invasão do país ao Iraque. À época, os norte-americanos alegaram que o Iraque tinha armas de destruição em massa. As armas, no entanto, nunca foram localizadas. O regime iraniano, por sua vez, argumenta que seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos.

Lula critica fome como 'arma de guerra' em Gaza

O ministro das Finanças da China, Lan Fo'an (à esq.), e o ministro da Economia do Brasil, Fernando Haddad, posam para uma foto ao lado do primeiro-ministro da China, Li Qiang, e do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, após a assinatura de um acordo bilateral, nos bastidores da cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, Brasil, em 5 de julho de 2025
O ministro das Finanças da China, Lan Fo'an (à esq.), e o ministro da Economia do Brasil, Fernando Haddad, posam para uma foto ao lado do primeiro-ministro da China, Li Qiang, e do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, após a assinatura de um acordo bilateral, nos bastidores da cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, Brasil, em 5 de julho de 2025
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Lula voltou a fazer críticas aos ataques de Israel à Faixa de Gaza, usando mais uma vez a palavra genocídio.

A forte posição do líder brasileiro já levou o país sionista a o declarar "persona non grata", quando Lula comparou a situação palestina com o holocausto, no ano passado.

"Absolutamente nada justifica as ações terroristas perpetradas pelo Hamas. Mas não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza e a matança indiscriminada de civis inocentes e o uso da fome como arma de guerra", disse, no Brics.

O presidente também voltou a defender o direito à criação de um Estado palestino, posição histórica da diplomacia brasileira.

"A solução desse conflito só será possível com o fim da ocupação israelense e com o estabelecimento de um Estado palestino soberano, dentro das fronteiras de 1967".

Com linguagem mais branda, Lula criticou a invasão da Ucrânia, sem citar diretamente a Rússia, país que integra o Brics. Ele também defendeu os esforços brasileiros para mediar a paz na região, embora a iniciativa não esteja conseguindo avanços.

"É urgente que as partes envolvidas na guerra na Ucrânia aprofundem o diálogo direto com vistas a um cessar-fogo e uma paz duradoura".

"O Grupo de Amigos para a Paz, criado por China e Brasil e que conta com a participação de países do Sul Global, procura identificar possíveis caminhos para o fim das hostilidades".

Em seu discurso, Lula também afirmou que condenou violações à soberania tanto do Irã quanto da Ucrânia.

Os líderes dos Brics estão reunidos no Rio de Janeiro até segunda-feira (7/7). O grupo é atualmente formado por Brasil, Rússia, China, Índia, Irã, Arábia Saudita, Etiópia, Indonésia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos e Egito, o bloco representa quase a metade da população mundial e 40% da riqueza produzida globalmente.

Os banners da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro
Os banners da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Presidente leva bandeira da 'justiça tributária' ao Brics

Em outra fala na cúpula, durante debates econômicos, Lula disse que o "modelo neoliberal aprofunda as desigualdades" e defendeu a "justiça tributária", proposta que se tornou a principal bandeira do seu governo nas últimas semanas.

"Três mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões desde 2015", destacou.

"Justiça tributária e combate à evasão fiscal são fundamentais para consolidar estratégias de crescimento inclusivas e sustentáveis, próprias para o século XXI", disse ainda.

Seu governo tenta aprovar no Congresso o aumento da faixa isenta no Imposto de Renda para R$ 5 mil. Para compensar as perdas, a gestão Lula que aumentar tributos sobre os mais ricos, com renda acima de R$ 600 mil ao ano.

A ideia é criar uma alíquota efetiva mínima de até 10% sobre esse grupo. Ou seja, ricos que pagarem menos que isso de Imposto de Renda, teriam que contribuir com um percentual adicional.

Além disso, a gestão Lula tentou elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas a medida foi derrubada no Congresso. Críticos dizem que o aumento de impostos defendido pelo governo prejudicaria o crescimento econômico.

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade