Marteladas na cabeça e anel de pescador: entenda mitos e verdades de rituais em torno da morte do papa
Francisco morreu nesta segunda-feira, 21, após ter um AVC e sofrer insuficiência cardíaca
O mundo parou para noticiar a morte do papa Francisco nesta segunda-feira, 21. Em meio aos ritos específicos --desde a confirmação de seu falecimento ao que ainda está por vir até a escolha do novo pontífice--, alguns detalhes têm causado dúvidas. Realmente é usado um martelo de prata na testa do papa para verificar sua morte? Por que um anel do pontífice precisa ser quebrado? Confira mitos e verdades em torno dos assuntos.
Marteladas na cabeça do papa?
Com relação ao martelo de prata, seu histórico é nebuloso. O Terra entrou em contato com especialistas que estudam a Igreja Católica e, mesmo eles, não obtiveram detalhes sobre questão. O que se sabe, conforme explicaram, é que era uma tradição antiga, que caiu em desuso.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
E quem dava as 'marteladas'? O camerlengo, a pessoa que assume a responsabilidade pela administração da Igreja Católica até que um novo pontífice seja escolhido. No momento, o posto está ocupado pelo cardeal Kevin Joseph Farrell, nomeado pelo próprio Francisco em 2019, e é ele quem participa da confirmação da morte do papa.
Antigamente, nessa confirmação da morte, o camerlengo batia na testa do papa com um pequeno martelo de prata. Há poucas informações sobre a data exata em que a tradição caiu em desuso. Segundo informações da AFP, foi após a morte de João XXIII, em 1963. Em outros momentos, a agência de notícias cita que foi com a morte de Pio XII, em 1958.
Na Constituição Apostólica publicada por João Paulo II, em 1996, onde são descritas as funções que ficam a cargo do camerlengo, não há qualquer referência ao martelo de prata.
“Logo que receber a notícia do falecimento do Sumo Pontífice, o camerlengo da Santa Igreja Romana deve constatar oficialmente a morte do Pontífice, na presença do Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dos Prelados Clérigos da Câmara Apostólica e do Secretário e Chanceler da mesma, o qual lavrará o documento ou acta autêntica de morte”, pontua o documento.
E o anel de pescador?
O anel de pescador é um objeto simbólico usado por quem ocupa o cargo de papa. O nome é em referência ao discípulo Pedro, que era pescador e é considerado o primeiro líder da Igreja Católica. Tradicionalmente, o anel é quebrado após a morte do pontífice que o utilizava, representando o fim do papado.
No mesmo documento citado acima, a Constituição Apostólica Universis Dominici Gregis, é descrito que sejam tomadas “providências no sentido de fazer anular o Anel do Pescador e o Selo de chumbo, com os quais são expedidas as relativas Cartas Apostólicas”. Isso porque durante um período da história o anel era usado para selar e carimbar documentos oficiais do Vaticano.
A joia costuma ser quebrada em rito interno. Por mais que não tenha ocorrido um anúncio oficial sobre a destruição do anel utilizado por Francisco, acredita-se que ele já tenha sido quebrado.
O anel de cada papa conta com um nome escrito por dentro. Francisco, em sua joia, rompeu com a tradição e escolheu um anel de prata, ao invés de ouro.
Confira mais sobre os próximos passos
-
Quando ocorre o funeral do papa?
O funeral do papa ocorre entre o quarto e o sexto dia após o seu falecimento. Assim, a expectativa é que Francisco seja sepultado entre a sexta-feira e o domingo, 25 e 27 de abril, respectivamente.
O funeral será realizado segundo ordena a tradição católica através do documento 'Ordo Exsequiarum Romani Pontificis' e da constituição apostólica Universi Dominici Gregis. Os detalhes oficiais sobre o sepultamento de Francisco serão decididos pela Congregação dos Cardeais, que irá se reunir amanhã, no Vaticano.
-
Como será o funeral do papa Francisco?
Francisco deixou testamento no qual detalhava seu desejo em ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, igreja dedicada a Maria, Mãe de Deus, localizada em Roma, na Itália. A escolha difere do tradicional sepultamento dos papas na Basílica de São Pedro.
Francisco também pediu para ser enterrado em um caixão simples e sem ornamentos. No passado, os corpos dos pontífices eram depositados em três caixões (cipreste, chumbo e carvalho), que juntos pesavam meia tonelada.
-
Quando ocorre o conclave para escolher o próximo papa?
Tradicionalmente, a escolha do novo líder da Igreja Católica começa entre 15 e 20 dias após a morte do papa. As regras do conclave estipulam que apenas 120 cardeais podem participar da eleição e que todos devem ter menos de 80 anos no dia da morte ou da renúncia do papa. Não há regras específicas para o caso de haver mais de 120 cardeais aptos a votar.
No dia do início das votações, duas mesas são levadas ao altar. A primeira é reservada aos cardeais revisores do processo eleitoral. Na segunda, são colocados três grandes vasos de vidro transparente com uma bandeja de prata sobre um pano púrpura
Independentemente do tempo que o conclave demore, um cardeal precisa receber dois terços dos votos para ser eleito papa - teoricamente qualquer homem adulto católico pode ser eleito papa, mas desde a organização no formato atual do Conclave, no século XII, apenas cardeais foram eleitos. A votação compreende três passos: contagem dos votos, verificação dos votos e destruição das cédulas com fogo.
Após a escolha do novo papa, a decisão é ancuniada com uma fumaça branca. Depois, os cardeais prestam obediência ao novo papa. Na sequência, o nome cardeal Protodiácono anuncia o nome do novo papa e ele se apresenta ao mundo dando sua primeira bênção. Saiba mais detalhes sobre o funcionamento do conclave aqui!
-
Quem deve comparecer ao funeral do papa Francisco?
O funeral do papa deverá reunir diversos chefes de Estado. Entre eles, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já confirmou que irá acompanhar o enterro de Francisco. Em 2005, durante o seu primeiro mandato, o petista viajou ao lado dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney para o funeral do papa João Paulo II. Além de Lula, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Javier Milei, presidente da Argentina, já confirmaram presença.