Israel bombardeia imóveis onde estavam negociadores do Hamas em Doha; Catar condena ataque 'covarde'
Após jornalistas da agência AFP relatarem explosões e nuvens de fumaça na capital do Catar, nesta terça-feira (9), o Exército israelense afirmou ter atacado líderes do Hamas na cidade, onde o movimento islamista palestino tem seu escritório político. Uma autoridade do Hamas em Gaza disse, sob condição de anonimato, que Israel atacou a delegação de negociação do movimento islamista "enquanto ela discutia a proposta do presidente [americano] Donald Trump para um cessar-fogo na Faixa de Gaza".
Após jornalistas da agência AFP relatarem explosões e nuvens de fumaça na capital do Catar, nesta terça-feira (9), o Exército israelense afirmou ter atacado líderes do Hamas na cidade, onde o movimento islamista palestino tem seu escritório político. Uma autoridade do Hamas em Gaza disse, sob condição de anonimato, que Israel atacou a delegação de negociação do movimento islamista "enquanto ela discutia a proposta do presidente [americano] Donald Trump para um cessar-fogo na Faixa de Gaza".
"O Exército israelense e a agência de segurança israelense realizaram um bombardeio direcionado a líderes de alto escalão da organização terrorista Hamas", afirmaram as Forças Armadas em um comunicado, sem especificar onde o ataque ocorreu.
Um jornalista da AFP confirmou que o ataque atingiu um complexo usado pelo Hamas naquela cidade.
O Catar condenou o que descreveu como um bombardeio israelense "covarde".
"O Estado do Catar condena com veemência o ataque covarde israelense que teve como alvos edifícios residenciais onde vários membros do gabinete político do Hamas estão alojados na capital catariana, Doha", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Majed al Ansari, na rede social X.
O Irã também reagiu ao bombardeio, denunciando "uma violação flagrante de Israel".
Ao justificar o ataque, o Exército israelense afirmou que "por anos, esses membros da liderança do Hamas dirigiram as operações da organização terrorista, são diretamente responsáveis pelo massacre brutal de 7 de outubro e orquestraram e administraram a guerra contra o Estado de Israel".
Na semana passada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou o início das negociações para a libertação de todos os reféns, poucos dias após o Hamas aprovar uma nova proposta de cessar-fogo apresentada pelos mediadores - Egito, Catar e Estados Unidos.
Segundo fontes palestinas, a proposta prevê a libertação gradual dos reféns durante uma trégua inicial de 60 dias, em troca de prisioneiros palestinos mantidos por Israel.
Ao mesmo tempo, Netanyahu deu sinal verde para uma nova ofensiva militar para tomar o controle da Cidade de Gaza, que Israel considera um dos últimos redutos do movimento islamista palestino.
Hamas reivindica ataque a tiros em Jerusalém
A escalada do conflito entre Israel e o Hamas reacende preocupações globais. Na segunda-feira, dois palestinos entraram armados num ônibus lotado e abriram fogo no cruzamento de Ramot, em Jerusalém Oriental, em um local de grande movimento, durante o período da manhã. Ambos foram mortos por um soldado israelense e um civil armado que estavam no local. O braço armado do movimento islamista palestino reivindicou a autoria do ataque, que deixou seis mortos.
Os dois atiradores vieram de dois vilarejos próximos: Mutana Amro, de 20 anos, de Al-Qubeiba, e Mahmoud Tahah, 21, de Qatanna. Essas duas pequenas localidades palestinas ficam a menos de dois quilômetros de distância da chamada "Linha Verde", a fronteira que separa os territórios israelense e palestino. Nenhum dos dois tinha vínculo com organizações terroristas, nem antecedentes criminais.
O Shin Bet, o serviço de segurança interno de Israel, prendeu um motorista de Jerusalém Oriental sob suspeita de ter auxiliado os autores do ataque.
Embaixada dos EUA
A Embaixada dos Estados Unidos no Catar pediu aos seus cidadãos no país que permaneçam em locais seguros. "Temos visto relatos de ataques com mísseis em Doha. A Embaixada dos EUA ordenou que seus funcionários fiquem protegidos dentro de suas instalações. Os cidadãos americanos são aconselhados a permanecerem em segurança e acompanharem as atualizações", escreveu a embaixada em sua conta no X.
Já o ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, de extrema direita, saudou o ataque visando altos funcionários do Hamas no Catar. "Terroristas não têm e não terão imunidade diante do longo braço de Israel, em nenhum lugar do mundo", escreveu Smotrich no X. Ele ainda "elogiou a sábia decisão e sua execução impecável pelo exército e pelo Shin Bet".