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Hijarbie, a Barbie das meninas muçulmanas

2 mar 2016 - 10h02
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A curvilínea Barbie sempre ficou bem com vestidos e minissaias. Agora, graças a uma jovem nigeriana, ela também fica bem com o véu islâmico.

A intenção da farmacêutica, de 24 anos, Haneefah Adam não é brincar de boneca. O que ela pretende é acabar com preconceitos e parece que está no caminho certo. Apenas dois meses depois de abrir uma conta no Instagram, Hijarbie, a primeira Barbie muçulmana, já conta com 47 mil seguidores.

"Quero inspirar outras meninas, popularizar o hijab, corrigir mal-entendidos", explicou Haneefah à Agência Efe.

Apesar de nunca ter tido uma Barbie quando era criança, ela decidiu revolucionar o look da boneca e esconder seu característico cabelo longo sob véus coloridos e estampas.

"Como nunca tinha visto uma boneca com hijab, decidi eu mesma fazer. A maior parte das roupas é inspirada na forma como as muçulmanas se vestem", comentou.

Agora, a nigeriana se prepara para comercializar as primeiras bonecas com véu e observa o perfil na rede social acumular centenas de elogios, sugestões, e também algumas críticas.

"Se você quer fazer uma Barbie diferente, se quer fazer uma defesa, a boneca precisa representar realmente a sua cultura, precisar ser negra ou parecer negra. Sua boneca parece uma branca normal com outro vestido", escreveu '@veralynne1', uma das seguidoras.

Haneefah argumentou que, simplesmente, comprou as Barbies que tinha a seu alcance, as loiras e de olhos azuis, muito populares na Nigéria, e começou a fazer as roupas. Segundo ela, uma encomenda de bonecas negras já foi feita.

A essas mulheres de outras religiões e mais parecidas com a ocidental Barbie, que interpretam que usar o véu é sinal de submissão ao homem, ela diz que "deveriam se informar melhor e acabar com ideias equivocadas".

"Não somos oprimidas. É nossa escolha", ressaltou.

Como tantas outras meninas e mulheres da Nigéria, um dos países com a maior população de muçulmanos da África Ocidental, Haneefah usa o véu diariamente e afirma que isso faz parte de sua "identidade e que se o tirasse não seria a mesma".

"O hijab significa se lembrar que cada dia é uma luta, uma luta que te leva à felicidade eterna", escreveu "@happycrankyfatty" no perfil da Hijarbie.

Popular desde sempre entre as muçulmanas, o véu está mais na moda do que nunca, graças a estilistas e blogueiras como a britânica Habiba da Silva, que tem, inclusive, família no Brasil, ou a somali Ugaaso Abukar Boocow, que transformaram esta peça em um acessório que marca tendência e cria estilo.

"Antes era desanimador usar o véu. Agora, cada vez mais mulheres estão incorporando a peça para estar na moda", afirmou Haneefah.

A moda, ou talvez a evolução das sociedades, levou a Barbie, lançada originalmente em 1959 usando um discreto maiô de zebra, a cobrir seu corpo inverossímil da cabeça aos pés em sua primeira versão muçulmana.

Nas fotos de Haneefah, o véu dá forma a peças que escondem as curvas e diminuem a exposição de um rosto maquiado. Uma nova geração de meninas está decidida, assim, a transformar a antiga brincadeira de pentear as longas madeixas da boneca em algo mais adaptado a seu entorno.

"O divertido será aprender a colocar o hijab ", concluiu a jovem nigeriana.

EFE   
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