Hijarbie, a Barbie das meninas muçulmanas
A curvilínea Barbie sempre ficou bem com vestidos e minissaias. Agora, graças a uma jovem nigeriana, ela também fica bem com o véu islâmico.
A intenção da farmacêutica, de 24 anos, Haneefah Adam não é brincar de boneca. O que ela pretende é acabar com preconceitos e parece que está no caminho certo. Apenas dois meses depois de abrir uma conta no Instagram, Hijarbie, a primeira Barbie muçulmana, já conta com 47 mil seguidores.
"Quero inspirar outras meninas, popularizar o hijab, corrigir mal-entendidos", explicou Haneefah à Agência Efe.
Apesar de nunca ter tido uma Barbie quando era criança, ela decidiu revolucionar o look da boneca e esconder seu característico cabelo longo sob véus coloridos e estampas.
"Como nunca tinha visto uma boneca com hijab, decidi eu mesma fazer. A maior parte das roupas é inspirada na forma como as muçulmanas se vestem", comentou.
Agora, a nigeriana se prepara para comercializar as primeiras bonecas com véu e observa o perfil na rede social acumular centenas de elogios, sugestões, e também algumas críticas.
"Se você quer fazer uma Barbie diferente, se quer fazer uma defesa, a boneca precisa representar realmente a sua cultura, precisar ser negra ou parecer negra. Sua boneca parece uma branca normal com outro vestido", escreveu '@veralynne1', uma das seguidoras.
Haneefah argumentou que, simplesmente, comprou as Barbies que tinha a seu alcance, as loiras e de olhos azuis, muito populares na Nigéria, e começou a fazer as roupas. Segundo ela, uma encomenda de bonecas negras já foi feita.
A essas mulheres de outras religiões e mais parecidas com a ocidental Barbie, que interpretam que usar o véu é sinal de submissão ao homem, ela diz que "deveriam se informar melhor e acabar com ideias equivocadas".
"Não somos oprimidas. É nossa escolha", ressaltou.
Como tantas outras meninas e mulheres da Nigéria, um dos países com a maior população de muçulmanos da África Ocidental, Haneefah usa o véu diariamente e afirma que isso faz parte de sua "identidade e que se o tirasse não seria a mesma".
"O hijab significa se lembrar que cada dia é uma luta, uma luta que te leva à felicidade eterna", escreveu "@happycrankyfatty" no perfil da Hijarbie.
Popular desde sempre entre as muçulmanas, o véu está mais na moda do que nunca, graças a estilistas e blogueiras como a britânica Habiba da Silva, que tem, inclusive, família no Brasil, ou a somali Ugaaso Abukar Boocow, que transformaram esta peça em um acessório que marca tendência e cria estilo.
"Antes era desanimador usar o véu. Agora, cada vez mais mulheres estão incorporando a peça para estar na moda", afirmou Haneefah.
A moda, ou talvez a evolução das sociedades, levou a Barbie, lançada originalmente em 1959 usando um discreto maiô de zebra, a cobrir seu corpo inverossímil da cabeça aos pés em sua primeira versão muçulmana.
Nas fotos de Haneefah, o véu dá forma a peças que escondem as curvas e diminuem a exposição de um rosto maquiado. Uma nova geração de meninas está decidida, assim, a transformar a antiga brincadeira de pentear as longas madeixas da boneca em algo mais adaptado a seu entorno.
"O divertido será aprender a colocar o hijab ", concluiu a jovem nigeriana.