PUBLICIDADE

Mundo

Greta Thunberg diz na cúpula de clima da ONU: "Vocês roubaram meus sonhos"

23 set 2019 - 13h39
(atualizado às 20h45)
Compartilhar
Exibir comentários

A ativista sueca Greta Thunberg criticou os líderes mundiais na conferência de clima da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta segunda-feira, por não enfrentarem a mudança climática e disse que eles roubaram sua infância com "palavras vazias".

Greta Thunberg fala durante reunião da ONU 23/9/2019 REUTERS/Lucas Jackson
Greta Thunberg fala durante reunião da ONU 23/9/2019 REUTERS/Lucas Jackson
Foto: Lucas Jackson / Reuters

"Está tudo errado. Eu não deveria estar aqui em cima. Eu deveria estar de volta à escola do outro lado do oceano", disse a adolescente sueca, de 16 anos, com a voz embargada, durante a cúpula da ONU sobre mudanças climáticas, cobrando os adultos por não terem feito o suficiente para proteger o meio ambiente.

"Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias", acrescentou.

Dias depois de milhões de jovens irem às ruas de todo o mundo para exigirem uma ação emergencial contra a mudança climática, líderes se reuniram na ONU nesta segunda-feira para tentarem injetar um novo ímpeto nas iniciativas hoje travadas para conter as emissões de carbono.

"Fiquei muito impressionado com a emoção na sala quando alguns jovens falaram mais cedo", disse o presidente da França, Emmanuel Macron, durante a Cúpula de Ação Climática da ONU. "Eu também quero desempenhar meu papel de ouvi-los. Acho que nenhum tomador de decisão político pode permanecer surdo a esse pedido de justiça entre gerações."

O secretário-geral da ONU, António Guterres, que organizou o evento de um dia para impulsionar o Acordo de Paris e combater o aquecimento global, havia alertado os líderes a aparecerem se viessem munidos com planos concretos de ação, não discursos vazios.

"A natureza está com raiva. E nos enganamos se pensarmos que podemos enganar a natureza, porque a natureza sempre revida, e em todo o mundo a natureza está revidando com fúria", disse Guterres, ex-primeiro-ministro português.

"Há um custo para tudo. Mas o maior custo é não fazer nada. O maior custo é subsidiar uma indústria de combustíveis fósseis que está morrendo, construindo mais e mais usinas de carvão, e negar o que é claro como o dia: que estamos em um buraco climático profundo e para sair precisamos primeiro parar de cavar", acrescentou ele.

No entanto, houve poucas propostas novas dos governos para o tipo de mudança rápida que os cientistas dizem ser necessária agora para evitar impactos devastadores do aquecimento. A cúpula, por outro lado, foi marcada por uma série de compromissos de empresas, fundos de pensão, seguradoras e bancos para fazer mais.

"Nós rompemos o ciclo da vida", disse Emmanuel Faber, executivo-chefe do grupo de alimentos francês Danone, que anunciou a iniciativa "One Planet" com um grupo de 19 grandes empresas de alimentos para a transição para uma agricultura mais sustentável.

"Precisamos do seu apoio para mudar os subsídios agrícolas de matar a vida para apoiar a biodiversidade", declarou Faber.

TRUMP COMPARECE

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que questiona as mudanças climáticas e que desfez todas as principais regulamentações dos EUA destinadas a combater o aquecimento global, fez uma breve aparição na cúpula, juntamente com o vice-presidente, Mike Pence, e o secretário de Estado, Mike Pompeo.

Trump, cuja presença na cúpula não era esperada, não fez comentários, mas ouviu as declarações da chanceler alemã, Angela Merkel, e do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

O ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, que atua como enviado especial da ONU para a ação climática, destacou a aparição discreta de Trump antes de falar nesta segunda-feira: "Esperamos que nossas deliberações sejam úteis para vocês ao formular a política climática", disse ele, entre risos da plateia.

Merkel anunciou que a Alemanha dobraria a contribuição para um fundo da ONU para apoiar países menos desenvolvidos no combate às mudanças climáticas, passando de 2 bilhões de euros para 4 bilhões de euros.

O papa Francisco, em mensagem transmitida à conferência, pediu honestidade, responsabilidade e coragem para enfrentar "um dos fenômenos mais sérios e preocupantes do nosso tempo".

Tendo em conta o desenrolar mais rápido do que o esperado de eventos climáticos extremos, do derretimento do subsolo congelado e da elevação dos mares, cientistas dizem que a urgência da crise se intensificou desde que o Acordo de Paris foi firmado.

O pacto entrará em uma fase de implantação crucial no ano que vem, depois de outra rodada de negociações no Chile em dezembro. As promessas feitas até agora nos termos do acordo não chegam nem perto de bastar para evitar um aquecimento catastrófico, alertam cientistas, e no ano passado as emissões de carbono atingiram um recorde.

Embora alguns países tenham feito progresso, alguns dos maiores emissores continuam muito atrasados -- apesar de incêndios florestais, ondas de calor e temperaturas recordes terem oferecido um vislumbre da devastação que pode estar à espreita em um mundo mais quente.

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade