Forças de segurança abrem fogo e matam 5 em Trípoli
25 fev2011 - 10h27
(atualizado às 11h32)
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Ao menos cinco pessoas morreram em Trípoli quando forças de segurança abriram fogo nesta sexta-feira contra manifestantes contrários ao governo no distrito de Janzour, no oeste da capital líbia, disse um morador local.
A fonte, que não quis ser identificada, também disse que opositores do líder líbio, Muammar Kadafi, estavam gritando slogans contra Gaddafi no distrito de Fashloum, no leste de Trípoli. As informações não puderam ser imediatamente confirmadas.
Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.
Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.
Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.
Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.
"Ainda nem autorizei o uso de munição", observou o líder líbio Muamar Kadafi durante seu pronunciamento proferido nesta terça-feira pela TV estatal
Foto: TV Líbia / AFP
"Muamar Kadafi é o líder da revolução, Muamar Kadafi não tem nenhum posto oficial ao qual renunciar. Ele é o líder da revolução para sempre", repete ele sobre si mesmo; o discurso durou mais de uma hora
Foto: TV Líbia / AFP
"Permanecerei aqui, desafiador", disse, falando da sua residência de Bab al-Aziziya, bombardeada pelos Estados Unidos em 1986 e mostrada de tempos em tempos durante a transmissão
Foto: TV Líbia / AFP
"Que vergonha. Vocês são uma gangue? Liberem Benghazi. Larguem as armas, ou haverá um massacre", disse, enfatizando como os manifestantes estão "destruindo" o país
Foto: TV Líbia / AFP
"Qualquer uso de força contra a autoridade do Estado será sentenciado com a morte", repetia Kadafi enquanto consultava um caderno verde sobre o espaço legal para as sentenças
Foto: TV Líbia / AFP
"Se esses vermes continuarem, a Líbia vai retornar à escuridão dos anos 50", exaltava-se contra os manifestantes. "Vocês querem que os americanos venham e ocupem a Líbia como fizeram no Afeganistão?"
Foto: TV Líbia / AFP
"Muamar Gaddafi não é uma pessoa comum que você pode envenenar, ou contra a qual você pode liderar uma revolução", afirmava enquanto improvisava seu discurso em meio a notas que recebia de terceiros
Foto: TV Líbia / AFP
"O povo líbio está comigo", afirmou Kadafi, convocando seus partidários para uma manifestação na quarta-feira. "Capturem os ratos! Saiam de suas casas e ataquem!", gritou o ditador
Foto: TV Líbia / AFP
"Se vocês amam Kadafi, saiam às ruas da Líbia para protegê-las", falava ele em tentativa de dissuadir a população contra os supostos "inimigos"
Foto: TV Líbia / AFP
"Lutarei até a última gota de sangue com as pessoas atrás de mim", profetizava, enquanto repetia que não deixaria o país e que, se necessário, morreria como um "mártir"
Foto: TV Líbia / AFP
"Nós desafiamos a América com seu poder, nós até mesmo desafiamos o superpoder", afirmava para demonstrar o poder do governo da Líbio
Foto: TV Líbia / AFP
Durante mais de uma hora de improvisos e ameaças, Kadafi tentou demonstrou que aceita fazer concessões aos protestos, indicando que "uma nova adminstração será formada" e que "conselhos municipais" serão criados
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