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Ex-chefe policial assume participação em ataque a Maduro

Salvatore Lucchese descreveu o incidente como parte de um esforço contínuo e armado contra Maduro.

7 ago 2018 - 19h52
(atualizado às 20h12)
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Um ex-chefe policial municipal na Venezuela e ativista antigoverno diz ter ajudado a organizar uma operação para lançar drones armados sobre um comício militar no sábado, que o presidente Nicolas Maduro chamou de uma tentativa de assassinato.

Em entrevista, Salvatore Lucchese, um ativista venezuelano que foi preso anteriormente por seu papel em protestos passados, disse à Reuters que orquestrou o ataque com uma associação de militantes anti-Maduro conhecidos na Venezuela como a "resistência".

Ativista Salvatore Lucchese concede entrevista à Reuters em Bogotá
 6/8/2018     REUTERS/Carlos Julio Martinez
Ativista Salvatore Lucchese concede entrevista à Reuters em Bogotá 6/8/2018 REUTERS/Carlos Julio Martinez
Foto: Reuters

A "resistência" referida por Lucchese é um coletivo difuso de ativistas de rua, organizações estudantis e ex-oficiais militares. O grupo possui pouca estrutura formal, mas é conhecido no país principalmente por organizar protestos nos anos recentes nos quais manifestantes entraram em confronto com a polícia e soldados.

A Reuters não pôde verificar de forma independente as afirmações de Lucchese sobre o ataque, no qual drones voaram sobre o comício no centro de Caracas. Explosivos a bordo dos drones detonaram, ferindo sete militares e fazendo com que participantes do evento buscassem cobertura.

Lucchese descreveu o incidente como parte de um esforço contínuo e armado contra Maduro. Ele se negou a descrever seu papel preciso na operação, na resistência ou a identificar outros envolvidos, citando a necessidade de proteger suas identidades.

"Nós possuíamos um objetivo e no momento não fomos capazes de materializá-lo 100 por cento", disse Lucchese em entrevista em Bogotá, onde está viajando por conta de atividades com outras figuras da oposição. "O esforço armado irá continuar."

O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu um pedido de comentário.

Mais cedo neste ano, Lucchese se separou do Vontade Popular, um proeminente partido da oposição, dizendo discordar de seus diálogos contínuos com o governo Maduro. O governo é amplamente criticado por suas táticas autoritárias, abusos de direitos humanos e políticas econômicas que levaram a uma recessão e casos de desnutrição por todo o país.

Juan Guaidó, um dos líderes nacionais do Vontade Popular, disse que Lucchese foi expulso por "diferenças com o partido e com a liderança nacional", mas não deu mais detalhes.

Guaidó disse à Reuters que o Vontade Popular rejeita o uso de violência, uma posição ecoada por outros principais partidos da oposição após o ataque.

Maduro, que foi escolhido pelo falecido presidente de esquerda Hugo Chávez como candidato do Partido Socialista para sucedê-lo em 2013, frequentemente diz que os problemas da Venezuela são resultado de uma "guerra econômica" feita por inimigos no exterior, incluindo os Estados Unidos. Ele culpou figuras da oposição da ala direita e facilitadores estrangeiros pelo ataque com drone, citando especificamente o governo da Colômbia.

O governo da Colômbia negou qualquer envolvimento.

Autoridades venezuelanas prenderam seis pessoas durante o fim de semana, incluindo um suspeito que havia sido detido por protestos em 2014 e outro procurado por envolvimento em um ataque em 2017 contra uma base militar. O governo disse que os drones carregavam explosivos plásticos detonados remotamente.

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