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Europa

Rússia ameaça Ucrânia após projétil atravessar fronteira

Kiev chamou a acusação de que suas forças haviam disparado o artefato de “total bobagem”, e sugeriu que o ataque pode ter sido obra de rebeldes tentando provocar Moscou para que intervenha em seu nome

13 jul 2014 - 12h23
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<p>Um oficial inspeciona parte de um morteiro, de 120 milímetros, na aldeia ucraniana oriental de Semenovka, neste domingo, 13 de julho</p>
Um oficial inspeciona parte de um morteiro, de 120 milímetros, na aldeia ucraniana oriental de Semenovka, neste domingo, 13 de julho
Foto: Gleb Garanich / Reuters

A Rússia ameaçou a Ucrânia no domingo com “consequências irreversíveis”, depois que um homem morreu atingido por um morteiro disparado da Ucrânia para o outro lado da fronteira, descrevendo o incidente em termos de guerra, como uma agressão que precisa ser tratada devidamente.

Embora ambos os lados tenham relatado tiroteios além-fronteiras no passado, o incidente parece ser o primeiro em que Moscou relata mortes do seu lado da fronteira, durante o conflito que já dura três meses e já matou centenas de pessoas, na Ucrânia.

Kiev chamou a acusação de que suas forças haviam disparado através da fronteira, de “total bobagem”, e sugeriu que o ataque pode ter sido obra de rebeldes tentando provocar Moscou para que ela intervenha em seu nome. Os rebeldes negaram ser os responsáveis.

Dentro da Ucrânia, onde o combate se intensificou dramaticamente, desde um ataque de mísseis dos rebeldes que matou dezenas de soldados do governo na sexta-feira, as autoridades locais disseram que 18 pessoas foram mortas em tiroteios nas duas principais cidades controladas pelos rebeldes.

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Kiev disse que bombardeou um comboio de 100 veículos e caminhões blindados que entraram na Ucrânia, carregando combatentes rebeldes da Rússia, e também disse que sete dos seus soldados morreram durante os ataques.

A resposta bélica de Moscou ao ataque fronteiriço aumenta a renovada perspectiva de uma clara intervenção russa, depois de semanas em que o presidente Vladimir Putin pareceu decidido a retroceder, retirando dezenas de milhares de soldados que ele havia reunido na fronteira.

A Rússia enviou à Ucrânia uma nota de protesto descrevendo o incidente como um “ato agressivo do lado ucraniano contra a soberania do território russo e contra os cidadãos da Federação Russa,” disse o Ministério das relações Exteriores, em uma declaração alertando sobre “consequências irreversíveis”.

“Isso representa uma escalada significativa de perigo para nossos cidadãos, agora, até mesmo em nosso próprio território. Claro que isso não pode, naturalmente, ficar sem resposta,” disse o vice-chanceler russo, Grigory Karasin, à TV estatal Rossiya-24.

O Comitê de Investigação da Rússia disse que um projétil caiu no quintal de uma casa, em uma pequena cidade do lado russo da fronteira, matando um homem e ferindo uma mulher. A cidade russa se chama Donetsk, o mesmo nome da cidade ucraniana de um milhão de habitantes, que os rebeldes declararam capital de uma “república do povo” independente.

Andriy Lysenko, porta-voz do Conselho de Defesa e Segurança Nacional da Ucrânia, disse: “Há um relatório de que esse bombardeio foi realizado por forças ucranianas. Isso é um absurdo total e a informação não é verdadeira.”

“As tropas da operação antiterrorista não disparam em direção ao território de um país vizinho e não disparam em áreas residenciais,” ele disse. “Temos muito exemplos de terroristas que fazem disparos de provocação, inclusive em território russo, e depois acusam as forças ucranianas de fazê-los.”

Os rebeldes negaram a culpa. A agência de notícias Interfax citou o auto-proclamado vice-primeiro-ministro dos rebeldes, Andrey Prugin, como tendo dito que ele tinha “90 por cento de certeza” de que foram as tropas ucranianas que dispararam para o outro lado da fronteira, porque os rebeldes estão com pouca munição e cautelosos sobre onde atiram.

O conflito no leste da Ucrânia começou em abril, quando combatentes armados pró-Rússia tomaram cidades e edifícios do governo, semanas depois que a Rússia anexou a Crimeia, península da Ucrânia, em resposta à derrubada de um presidente pró-Moscou, em Kiev.

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