Após semanas de suspense, novo premiê francês anuncia praticamente a mesma equipe de governo
Quase um mês após sua nomeação como primeiro-ministro da França, Sébastien Lecornu anunciou neste domingo (5) parte de sua equipe ministerial. Com poucas alterações em relação ao governo anterior, a composição revela uma clara intenção de continuidade por parte do novo premiê.
Quase um mês após sua nomeação como primeiro-ministro da França, Sébastien Lecornu anunciou neste domingo (5) parte de sua equipe ministerial. Com poucas alterações em relação ao governo anterior, a composição revela uma clara intenção de continuidade por parte do novo premiê.
O secretário-geral da presidência, Emmanuel Moulin, revelou 18 nomes, incluindo 12 ministros que haviam deixado seus cargos e agora retornam ao governo, na maioria dos casos, nas mesmas funções. Conhecidos por uma política linha dura, Bruno Retailleau permanece no ministério do Interior, enquanto Gérald Darmanin continua à frente da Justiça. A ex-primeira-ministra Élisabeth Borne permanece no ministério da Educação, Manuel Valls, no das Regiões Ultramarinas; Catherine Vautrin, nos do Trabalho e da Saúde; Annie Genevard, no da Agricultura; Jean-Noël Barrot, no das Relações Exteriores; e Rachida Dati, no da Cultura.
Nomeado em 9 de setembro, Lecornu realizou diversas consultas antes de chegar a uma estrutura ministerial muito próxima da de seu antecessor, François Bayrou. O primeiro conselho de ministros está marcado para a tarde de segunda-feira (6), sob a liderança do presidente Emmanuel Macron, segundo informou o Palácio do Eliseu.
A lista será "completada por ministros delegados após as declarações de política geral na Assembleia Nacional (terça-feira) e no Senado (quarta-feira)", informou a equipe do primeiro-ministro. "Ela permanecerá bastante enxuta", acrescentaram, indicando que o total deve girar em torno de 25 membros.
Continuidade gera críticas
Sébastien Lecornu deve ser recebido com tensão na Assembleia Nacional nesta terça-feira (7), onde enfrentará uma oposição disposta a apresentar moções de censura. Tanto a esquerda quanto o partido Reunião Nacional, de extrema direita, vêm exigindo uma "ruptura" com o governo anterior e devem reagir com frieza à recondução de tantos nomes. A "ruptura", aliás, foi prometida por Lecornu em seu primeiro discurso como primeiro-ministro.
"Tanto barulho para isso? ", criticou Jean-Luc Mélenchon, líder do partido da esquerda radical França Insubmissa, em publicação na rede social X, referindo-se à presença maciça de figuras da direita tradicional e do partido de Macron.
Jordan Bardella, presidente do Reunião Nacional, também ironizou a composição. "O governo anunciado esta noite, composto pelos últimos macronistas agarrados ao barco da Medusa, representa claramente a continuidade, absolutamente nada da ruptura que os franceses esperam", escreveu ele, fazendo referência à pintura A Balsa da Medusa, de Théodore Géricault, que simboliza o caos em um momento de naufrágio.
Mudanças pontuais
Uma das poucas novidades de peso está no Ministério da Economia, onde Éric Lombard dará lugar ao deputado Roland Lescure, considerado parte da ala mais à esquerda da base macronista. A troca ocorre em meio a esforços do campo presidencial para convencer os socialistas a não apoiar uma moção de censura.
Outra grande surpresa foi a nomeação de Bruno Le Maire como novo ministro das Forças Armadas. Ex-ministro da Economia e mentor político de Lecornu, Le Maire é também um dos alvos preferidos da oposição, que frequentemente o responsabiliza por parte do desequilíbrio orçamentário do país.
(Com agências)