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Eleições nos EUA

Socialismo "sai do armário" nos EUA com ascensão de Sanders

1 mar 2016 - 14h20
(atualizado às 16h28)
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Foto: Getty Images

O senador independente Bernie Sanders entrou na corrida presidencial dos Estados Unidos com um discurso mais à esquerda que o habitual no país, o que gerou um fenômeno de entusiasmo, um estímulo para que os pequenos partidos socialistas e comunistas tentem ganhar adeptos.

Nesta chamada "Super Terça", quando 12 estados e um território votam no processo de eleições primárias e seus resultados podem ser definitivos para a indicação do candidato do Partido Democrata, Sanders segue desafiando o favoritismo da ex-secretária de Estado, Hillary Clinton.

Sanders, que se define como "socialista democrata", tenta desde o início de sua campanha explicar seu modelo à europeia - com denúncias sobre a crescente desigualdade e a erosão da classe média - e se distanciar do comunismo, com o qual os americanos normalmente identificam esta tendência.

Embora não necessariamente concordem com todas as ideias de Bernie Sanders, as coalizões socialistas e comunistas dos EUA se beneficiaram do entusiasmo gerado por sua campanha.

"Bernie Sanders fez muito bem à esquerda nos Estados Unidos", disse à Agência Efe Christopher Gunderson, professor de sociologia na Howard University de Washington.

No entanto, apesar de o senador por Vermont "falar de revolução, não é um revolucionário, usa a palavra metaforicamente para se referir a uma mudança significativa", mas "respeita a ordem estabelecida, a Constituição dos EUA e o direito à propriedade", segundo Gunderson, especialista em movimentos sociais.

"Como fenômeno, é muito bom. Milhões de pessoas estão buscando 'socialismo' no Google", ironizou Gunderson. Os partidos socialistas dos EUA, por sua vez, buscam o equilíbrio entre aproveitar o efeito Sanders e manter sua identidade.

Quando Sanders "fala de socialismo, ajuda partidos realmente socialistas, como nós, a ter uma maior aceitação entre as pessoas", disse à Efe Gloria La Riva, candidata à presidência do Partido pelo Socialismo e a Liberação (PSL).

La Riva reconhece em Sanders o mérito de "mobilizar com energia enormes quantidades de jovens" e "dar visibilidade a movimentos" como o Occupy Wall Street ou a luta pelos direitos de latinos e negros.

Por sua vez, o Partido da Paz e da Liberdade, que também se define como socialista, concorda que "Bernie Sanders despertou consciências", segundo declarou à Efe sua presidente, Debra Reiger.

"Agora mais gente fala de socialismo; há mais gente emocionada com uma nova maneira de governar este país e com o fato de que as grandes corporações não tenham que controlar tudo. Isto é algo em que nós acreditamos e nos fez bem", argumentou a presidente do PFP, fundado há 60 anos.

Reiger considera que a campanha do pré-candidato democrata "beneficiou de certa maneira" seu partido, que em sua opinião, no entanto, é "ainda mais progressista que Bernie".

O Partido Comunista dos EUA (CPUSA), fundado há quase um século e que é o maior do país desta tendência, também se pronunciou a favor de Sanders apenas um mês depois que o senador anunciou que concorreria às eleições presidenciais.

A campanha de Sanders "já mudou o debate político" no Partido Democrata, disse a presidente do CPUSA em Connecticut, Joelle Fishman.

O que mais preocupa agora estes partidos minoritários sobre Sanders é a fuga de militantes "que se registram no Partido Democrata para votar nele", admitiu Reiger.

No entanto, tanto no PFP como no PSL, suas direções confiam que, se Sanders não conseguir a indicação do Partido Democrata, suas coalizões ganharão filiados.

Os eleitores de Sanders, segundo Gunderson, são "jovens que não se sentem identificados com um partido político porque se sentem à esquerda demais" do democrata, e "adultos que eram socialistas quando jovens" e depois deixaram esses ideais de lado.

Desde o princípio, as bases de Sanders foram pessoas brancas, algo que, segundo o analista, "está mudando, embora não muito rapidamente" uma vez que "seus números melhoram entre latinos e negros", acrescentou.

"Se a campanha (das primárias) durasse mais um ano, Bernie Sanders ganharia", brincou Gunderson em referência à vantagem que o senador vem diminuindo em relação a Hillary Clinton, a favorita das pesquisas.

EFE   
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