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Eleições no Japão: ultranacionalistas intensificam ataques contra imigrantes

À medida que as eleições para a Câmara Alta se aproximam no Japão, marcadas para domingo (20), partidos populistas e ultranacionalistas, geralmente marginais na política do país, têm intensificado os ataques contra os imigrantes. Isso ocorre apesar de os imigrantes representarem uma parcela muito pequena da população - menos de quatro milhões, ou cerca de 3% dos 125 milhões de habitantes.

18 jul 2025 - 11h44
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À medida que as eleições para a Câmara Alta se aproximam no Japão, marcadas para domingo (20), partidos populistas e ultranacionalistas, geralmente marginais na política do país, têm intensificado os ataques contra os imigrantes. Isso ocorre apesar de os imigrantes representarem uma parcela muito pequena da população - menos de quatro milhões, ou cerca de 3% dos 125 milhões de habitantes.

Pedestre passa diante de painel eleitoral com candidatos para a eleição para a Câmara Alta, no próximo domingo (20). Tóquio, 18/07/25.
Pedestre passa diante de painel eleitoral com candidatos para a eleição para a Câmara Alta, no próximo domingo (20). Tóquio, 18/07/25.
Foto: AP - Louise Delmotte / RFI

Com informações de Bruno Duval, correspondente da RFI em Tóquio, e agências

A Anistia Internacional Japão expressou "horror" diante dessa "deriva xenófoba", enquanto o primeiro-ministro Shigeru Ishiba fez um apelo solene pela "coexistência harmoniosa".

Aung, uma jovem birmanesa instalada no Japão, vive de forma difícil a estigmatização dos imigrantes ao longo da campanha eleitoral. "A situação continua muito complicada no meu país, onde, todos os dias, pessoas sofrem, ou até morrem. Portanto, vivo na constante angústia de que algo aconteça à minha família, que ainda está lá", disse ela. "Nesse contexto, a hostilidade, aqui, em relação aos imigrantes, pesa muito sobre mim. Falta-me calor humano, empatia, solidariedade... tudo isso me faz falta terrivelmente", completou.

Já Ramazan, 15 anos, é um estudante curdo. Sua solicitação de asilo foi rejeitada em primeira instância. Ele apelou e aguarda com apreensão para saber qual será seu destino. "Eu já perdi a conta de quantas vezes me disseram: 'Mas volte para o seu país! Só que eu não tenho país, pois sou apátrida. Se me mandarem para a Turquia, será terrível. Estarei em perigo de morte", desabafa.

"Eu só peço uma coisa: ser protegido pelo Japão. Meu sonho é poder viver em segurança aqui, continuar a estudar e encontrar um emprego".

País quase hermético aos refugiados

O Japão, 4° maior economia do mundo, continua sendo o país industrializado menos aberto aos refugiados: cerca de 90% dos pedidos de asilo são rejeitados a cada ano. No entanto, isso não impede que certos candidatos populistas afirmem que "os solicitantes de asilo falsos não são investigados de maneira alguma".

Faltando poucos dias para as eleições da Câmara Alta, o Japão tem assistido ao crescimento de partidos nacionalistas e populistas nas pesquisas. No topo está o Sanseito, uma legenda ultraconservadora e anti-imigração, que pode passar de 2 para mais de 10 cadeiras na Câmara Alta, de acordo com várias pesquisas. Impulsionado por um discurso contra o globalismo, a imigração e os investimentos estrangeiros, o partido atrai com sua mensagem de "prioridade para o Japão".

Controvérsia de possível simpatia à Rússia

No entanto, o partido está no centro de uma polêmica envolvendo Saya, uma candidata novata do Sanseito, que apareceu na segunda-feira (14) em uma entrevista publicada na conta X da versão japonesa da mídia estatal russa Sputnik. A entrevista gerou confusão e levantou especulações sobre possíveis afinidades pró-Rússia do partido, algo que seu líder, Sohei Kamiya, desmentiu na terça-feira (15), durante uma transmissão online.

"Nem com a Rússia, nem com a China, nem com os Estados Unidos. Não temos nada disso. Mantemos uma diplomacia equilibrada com todos os países", afirmou. A posição do Sanseito sobre a Rússia já havia sido criticada anteriormente, quando o líder do partido declarou que a Rússia não deveria ser totalmente responsabilizada pela guerra na Ucrânia.

Riscos para o governo de Shigeru Ishiba

Essa virada ocorre em um momento em que a coalizão no poder no Japão, formada pelo PLD e seu aliado Komeito, muito impopular, corre o risco de perder sua maioria, o que enfraqueceria ainda mais o primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que está no cargo há menos de um ano e já se vê prejudicado pela inflação - o preço do arroz dobrou em um ano -, escândalos e a crescente desconfiança dos eleitores.

Se a coalizão perder a maioria, isso mergulharia o país em uma crise política grave, algo inédito desde a Segunda Guerra Mundial. Ishiba poderia até ser forçado a renunciar.

Estrangeiros no Japão

A primeira onda de trabalhadores estrangeiros chegou nos anos 1980 e 1990, quando o Japão resolve flexibilizar a entrada de descendentes de japoneses que imigraram para a América do Sul, principalmente para o Brasil, os chamados "dekassegui".

Uma segunda "abertura" acontece no início da década de 1990, para facilitar a entrada de jovens, principalmente do sudeste asiático, através do sistema de estágios técnicos, ou seja, mão de obra a baixo custo.

Mas a escassez de trabalhadores continua nos anos 2010. Com a crise da natalidade e envelhecimento da população, o governo incita então mulheres e idosos a trabalhar mais e por mais tempo, lembra reportagem do jornal Le Monde. O governo investe na robotização e cria estatutos para trabalhadores qualificados.

A falta de mão de obra persiste até hoje e mais estrangeiros estão chegando ao país. No final de 2024, eram mais de 3,7 milhões de estrangeiros registrados no país, representando 3,04% da população total, estimada em quase 125 milhões de habitantes, de acordo com o órgão de imigração oficial.

A China é o país com mais cidadãos no Japão - 873 mil. O Brasil está em 6° lugar, depois de Vietnã, Coreias, Filipinas e Nepal, com 212 mil brasileiros em solo japonês. Os sul-americanos, incluindo o Brasil, representam apenas 0,2% de toda a população no arquipélago.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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