Conclave: como são geradas as fumaças branca e preta que saem da Capela Sistina?
Cores são estabelecidas a partir de duas substâncias químicas, lactose e naftalina, que reagem à combustão de maneira controlada
O conclave, processo de eleição do papa, começa nesta quarta-feira, 7, no Vaticano. O novo líder da Igreja Católica será eleito ao obter pelo menos 89 votos dos 133 cardeais. Nos últimos dois conclaves (2005 e 2013), isso aconteceu no segundo dia de votação.
Uma fumaça sai da Capela Sistina para indicar o que aconteceu na votação para escolha do papa. Enquanto a preta indica que ainda não há uma definição, a branca anuncia que há um novo papa.
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Segundo informações da agência de notícias Reuters, desde 2005, o Vaticano usa um sistema eletrônico com cartuchos pirotécnicos para garantir a visibilidade da fumaça. Antes, o método utilizado era baseado apenas na queima de cédulas e de palha úmida, que nem sempre produzia fumaça suficientemente intensa.
As cores das fumaças são estabelecidas a partir de duas substâncias químicas, que reagem à combustão de maneira controlada. Enquanto a branca é gerada a partir de lactose, a preta é produzida a partir de naftalina.
A lactose, açúcar presente no leite, sofre decomposição térmica ao ser aquecida, gerando partículas sólidas finas que refletem a luz de forma difusa, dando origem à fumaça branca. Já a naftalina, um hidrocarboneto aromático sólido, ao ser queimada, libera partículas escuras que absorvem a luz, resultando na fumaça preta.
O sistema leva em consideração também princípios físicos, como a termodinâmica e a mecânica dos fluidos. Isso garante que a fumaça suba rapidamente e mantenha sua cor durante o trajeto até o céu.
A diferença de densidade entre o ar quente e o ambiente externo ajuda no impulso vertical da fumaça. Já o tamanho e a granulometria das partículas garantem que o efeito visual dure o tempo suficiente para ser observado com clareza do lado de fora.
À Reuters, o especialista em fogos de artifício Massimiliano De Sanctis, proprietário da FD Group Fireworks --empresa que forneceu o equipamento usado nos conclaves que elegeram Bento XVI, em 2005, e Francisco, em 2013-- explica que a equipe usa dois fogões conectados a uma mesma chaminé. Um deles, mais antigo, serve para queimar as cédulas de votação em um recipiente de ferro fundido. O outro, mais moderno, é eletrônico e recebe o cartucho de fumaça com seis cápsulas interligadas.