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CENÁRIOS-Reino Unido pós-May: sem acordo, novo acordo, socialismo ou nada de Brexit?

23 mai 2019 - 16h26
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O final do governo da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, inaugurará uma fase ainda mais turbulenta na desfiliação britânica da União Europeia, já que qualquer líder novo provavelmente tentará fechar um acordo de separação mais duro e pode haver uma eleição dentro de nove meses.

Premiê britânica, Theresa May, chega para votar na eleição para o Parlamento Europeu, em Sonning
23/05/2019 REUTERS/Toby Melville
Premiê britânica, Theresa May, chega para votar na eleição para o Parlamento Europeu, em Sonning 23/05/2019 REUTERS/Toby Melville
Foto: Reuters

O país deve acabar saindo com um acordo de transição de algum tipo para suavizar a saída, sair abruptamente sem um acordo ou nem saindo. Outro adiamento é provável.

    Boris Johnson, o garoto-propaganda da campanha oficial do Brexit em 2016 e favorito das casas de apostas para suceder May, quer um rompimento mais radical do que o proposto pela premiê. Outros candidatos fortes ao cargo são Sajid Javid, Michael Gove e Jeremy Hunt.

    O líder do opositor Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, quer implantar uma série de políticas socialistas clássicas. Ele votou contra a filiação à UE em 1975, apoiou a permanência no bloco com relutância em 2016 e só demonstrou apoio morno a um novo referendo.

1) BREXIT SEM ACORDO  

Quem quer que suceda May como líder do Partido Conservador quase certamente terá que exigir um acordo do Brexit mais duro de Bruxelas, embora a UE tenha dito e repetido que não retocará o Tratado de Retirada.

    Isso significa um confronto de algum tipo com o bloco antes da data de saída, agendada para 31 de outubro.

    Alguns ministros querem acelerar os preparativos de uma saída sem acordo para fortalecer a posição do futuro premiê.

    Este é o pesadelo de muitas grandes empresas: ao privar a quinta maior economia do mundo de muitos relacionamentos comerciais estrangeiros de um golpe, um Brexit sem acordo deslocaria cadeias de suprimento por toda a Europa e além.

    O impacto político e social é incerto, mas, julgando pelo comportamento passado, os mercados financeiros se assustariam e a libra esterlina cairia.

2) ELEIÇÃO

A próxima eleição nacional britânica só deve ocorrer em 2022, mas há duas possibilidades de ela ser adiantada:

    - Dois terços dos 650 parlamentares votarem a favor;

    - Uma moção de desconfiança no governo ser aprovada por uma maioria simples de parlamentares e nenhum partido conseguir a confiança da Câmara dos Comuns em 14 dias.

    O desfecho de uma eleição seria imprevisível, já que os dois maiores partidos estão perdendo apoio para siglas menores, como o Partido do Brexit, de Nigel Farage, os Liberal Democratas, o Partido Nacionalista Escocês e os Verdes.

    Um governo de maioria conservadora provavelmente adotaria uma ruptura mais decisiva com a UE; um governo de maioria trabalhista tentaria nacionalizar várias empresas estratégicas; ou pode haver um governo de minoria ou de coalizão.

3) SEM BREXIT

A partida iminente de May reiniciará o debate nacional sobre como exatamente sair da UE, mas também dará tempo para os oponentes da saída pressionarem por um novo referendo ou até pela revogação do Artigo 50, a notificação da separação.

    Após passar anos dizendo que se opõe a outro referendo, a última aposta de May foi acenar com uma possível segunda votação e arranjos comerciais mais estreitos com o bloco.

    Uma rota para uma nova consulta popular é uma vitória trabalhista em uma eleição - embora Corbyn tenha falado vagamente de um "referendo de confirmação", seu partido definitivamente quer uma segunda votação.

    Outra via é o Parlamento: em um vácuo de poder, os parlamentares poderiam simplesmente votar a favor de uma, embora a proposta não tenha conseguido maioria em votações anteriores.

4) NOVO ACORDO?

Qualquer novo primeiro-ministro achará extremamente difícil negociar um acordo inteiramente novo com um bloco remanescente cuja população é sete vezes maior do que a britânica, especialmente depois de May passar dois anos negociando seu pacto.

A UE está disposta a retrabalhar a Declaração Política sobre os laços bilaterais após o Brexit, mas não o Tratado de Retirada - a parte do pacto que é de aplicação obrigatória e que contém um arranjo para o chamado 'backstop' da fronteira irlandesa que minou a proposta de May.

Em abril, o presidente francês, Emmanuel Macron, desaconselhou uma prorrogação de um ano do Brexit dizendo ser arriscado demais para as instituições da UE, mas a chanceler alemã, Angela Merkel, vem tentando evitar um rompimento desordenado que certamente prejudicaria a economia europeia.

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