Benim frustra golpe militar e captura soldados líderes da rebelião
A União Africana (UA) condenou de maneira "firme e inequívoca" a tentativa de golpe contra o presidente Patrice Talon no Benim, ocorrida na manhã deste domingo
O governo do Benim frustrou uma tentativa de golpe militar em Cotonou liderada por soldados rebeldes que anunciaram a destituição do presidente Patrice Talon, prendendo os envolvidos; a ação foi amplamente condenada por entidades como a União Africana e a CEDEAO.
Em Cotonou, a capital econômica do Benim, tiros foram ouvidos e soldados bloqueavam o acesso ao palácio presidencial. Em outras partes da cidade, os moradores seguiam suas rotinas.
Oito soldados, usando boinas de cores variadas e armados com fuzis, autodenominados "Comitê Militar para a Refundação" (CMR), anunciaram, na manhã deste domingo, 7, na televisão pública do Benim, que haviam deposto o presidente Patrice Talon.
Eles proclamaram um tenente-coronel como "presidente do CMR" e justificaram a tentativa de tomada de poder citando a "deterioração contínua da situação de segurança no norte do Benim", o "descaso com os soldados mortos em combate e suas famílias abandonadas à própria sorte", bem como "promoções injustas às custas dos mais merecedores".
Também denunciaram uma "erosão disfarçada das liberdades fundamentais" por parte do governo e apresentaram uma lista de reivindicações.
O presidente Patrice Talon está no poder desde 2016. Ele deve deixar o cargo em abril, após dois mandatos à frente desta pequena nação costeira da África Ocidental, com uma economia robusta, mas assolada pela violência jihadista em sua região norte.
Próximos ao presidente afirmaram que ele estava em segurança.
"Diante dessa situação, as Forças Armadas e sua hierarquia, fiéis ao seu juramento, permaneceram comprometidas com a República. Sua resposta permitiu manter o controle da situação e frustrar a manobra", assegurou o ministro do Interior do Benim, Alassane Seidou, aos telespectadores.
"Trata-se de um pequeno grupo de pessoas. O exército regular está retomando o controle. A cidade (Cotonou) e o país estão completamente seguros", disse Seidou.
Mais cedo, o acesso à emissora de televisão nacional e ao palácio presidencial foi bloqueado por soldados, observou um jornalista da AFP.
Outras áreas, incluindo o Sofitel, um hotel cinco estrelas na capital econômica, bem como os bairros que abrigam instituições internacionais, também foram interditadas.
A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) condenou veementemente "esta ação inconstitucional, que constitui uma subversão da vontade do povo", declarando em comunicado à imprensa que "apoia o governo e o povo do Benim por todos os meios necessários".
A história política do Benim tem sido marcada por diversos golpes de Estado ou tentativas de golpe.
O principal partido de oposição foi excluído da disputa, que colocará o partido governista contra um candidato da oposição considerado "moderado".
Embora elogiado pelo desenvolvimento econômico do Benim, Patrice Talon é frequentemente acusado por seus críticos de ter adotado uma postura autoritária em um país que já foi reconhecido por sua vibrante democracia.
A África Ocidental vivenciou inúmeros golpes de Estado desde o início da década: no Mali, Burkina Faso, Níger, Guiné e, mais recentemente, no final de novembro, em Guiné-Bissau.
Com AFP