Novos documentos sobre caso Epstein ampliam pressão sobre Trump
Nos novos documentos sobre o caso Epstein, publicados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Donald Trump é citado diversas vezes, ampliando a polêmica em um caso que vem constrangendo o presidente americano há meses.
O presidente Donald Trump fica ainda mais exposto, afirma o jornal francês Libération. As 30 mil novas páginas mostram que o líder republicano viajou pelo menos oito vezes no jatinho particular de Epstein entre 1993 e 1996. Em uma dessas ocasiões, estava sozinho com o criminoso sexual e uma jovem de 20 anos. Há também uma carta do financista na qual menciona que Trump "compartilhava o gosto por mulheres jovens".
O jornal progressista ressalta que, embora não haja acusações criminais contra Trump, os arquivos reforçam sua proximidade com Epstein, inclusive em festas e viagens. Desde que publicou os novos documentos, o Departamento de Justiça tenta minimizar os danos, alertando para alegações "falsas e sensacionalistas", mas a repercussão já afeta a política americana e as campanhas para 2026, avalia Libération.
Trump, que antes usava o caso para atacar os democratas, agora recua e admite que Epstein era uma figura central na vida social de Palm Beach, na Flórida.
Acusado de estupro
O diário Le Figaro aponta que Donald Trump é acusado de estupro, em um novo documento inédito. A idade e a identidade da vítima não foram reveladas, mas o arquivo judicial indica que a mulher era relativamente próxima de Ghislaine Maxwell, cúmplice do criminoso sexual Jeffrey Epstein, condenada a 20 anos de prisão.
A acusação, de 2020 e recolhida pelo FBI, relata a denúncia feita por um ex-motorista do atual presidente americano. Segundo ele, sua ex-companheira foi agredida sexualmente por Trump e Epstein.
Le Monde alerta que, longe da transparência prometida, a publicação dos arquivos continua parcial e aumenta a confusão sobre o caso do predador sexual, encontrado morto na prisão em 2019. O jornal observa que os documentos são amplamente censurados e divulgados de forma irregular, alimentando teorias da conspiração - as inúmeras referências a Donald Trump não trazem informações decisivas, avalia a reportagem.
Os arquivos também revelam pedidos antigos para que o príncipe Andrew fosse investigado, referências a cúmplices nunca indiciados e alertas ignorados desde 1996 sobre abusos cometidos por Epstein. A falta de clareza e a censura reforçam suspeitas de encobrimento e aumentam a indignação das vítimas. A oposição democrata acusa o governo de tentar ocultar informações.
Recuo de Trump
Embora tenha dito, durante a campanha de 2024, que concordava em tornar os arquivos públicos, Donald Trump depois recuou, chamando o caso de "farsa" usada pelos democratas.
Sua base "MAGA" (sigla para "Make America Great Again"), obcecada pelo escândalo, se revoltou quando o Departamento de Justiça anunciou, em meados deste ano, que não havia encontrado elementos novos que justificassem a publicação de documentos adicionais ou novas acusações.
Após meses de pressão, o presidente teve de ceder ao Congresso, inclusive a parlamentares republicanos, sancionando em novembro uma lei que obriga seu governo a divulgar todos os documentos não classificados que possui.