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América Latina

Nova taxa sobre transferências internacionais nos EUA pode penalizar imigrantes e economias do Sul global

Uma cláusula incluída no pacote legislativo aprovado pelo Senado dos Estados Unidos há dez dias, sob liderança de Donald Trump, pode trazer impactos significativos para as economias de países do Sul global — origem de milhares de imigrantes que vivem em solo americano. A partir de 2026, as transferências de dinheiro enviadas dos EUA para o exterior terão um acréscimo de 3,5% em taxas, o que deve encarecer as remessas enviadas por trabalhadores migrantes a suas famílias e comunidades de origem.

15 jul 2025 - 12h26
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Uma cláusula incluída no pacote legislativo aprovado pelo Senado dos Estados Unidos há dez dias, sob liderança de Donald Trump, pode trazer impactos significativos para as economias de países do Sul global — origem de milhares de imigrantes que vivem em solo americano. A partir de 2026, as transferências de dinheiro enviadas dos EUA para o exterior terão um acréscimo de 3,5% em taxas, o que deve encarecer as remessas enviadas por trabalhadores migrantes a suas famílias e comunidades de origem.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca em 11 de julho de 2025.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca em 11 de julho de 2025.
Foto: © Jonathan Ernst / Reuters / RFI

Pierre Olivier, da RFI

Uma medida incluída na nova Lei Orçamentária dos Estados Unidos, aprovada recentemente pelo Senado sob a liderança de Donald Trump, tem gerado preocupação entre especialistas e organizações de direitos humanos. A proposta, considerada abertamente anti-imigração, prevê a criação de uma taxa adicional de 3,5% sobre todas as transferências de dinheiro enviadas por pessoas que não possuem nacionalidade americana. A cobrança entrará em vigor a partir de 2026, caso a medida seja implementada.

O objetivo declarado da nova taxa é duplo: financiar ações de segurança nas fronteiras e operações da polícia de imigração, além de desencorajar a permanência e a chegada de novos migrantes ao país. A administração Trump assume abertamente o caráter dissuasório da medida, que pode afetar diretamente milhões de imigrantes e suas famílias no exterior.

Na prática, o impacto será significativo. Um imigrante que deseje enviar US$ 100 para parentes em seu país de origem terá que arcar não apenas com os 6% já cobrados em taxas bancárias, mas também com os 3,5% adicionais do novo imposto. Isso elevará o custo total da operação para cerca de US$ 10,50 — um aumento que pode comprometer o envio regular de remessas, fundamentais para a economia de diversos países do Sul global.

Países do Sul serão os mais afetados

A decisão penalizará alguns países mais do que outros e os países do Sul global são os que estão mais preocupados. A Índia, país que recebe mais transferências de dinheiro de sua diáspora no mundo, vem em primeiro lugar. Em 2024, segundo o Banco Central indiano, as remessas internacionais representaram 3,5% do seu produto interno bruto (PIB).

A América Latina também será fortemente afetada. No ano passado, a região recebeu US$ 160 bilhões de remessas financeiras e os Estados Unidos foram o principal país de origem desse dinheiro. Segundo dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento, oito em cada 10 migrantes latino-americanos transferem dinheiro para seus familiares, que dependem disso para viver.

Novo golpe para as economias africanas

O aumento da taxa sobre transferência internacionais será um novo golpe para as economias do continente africano, já fortemente impactadas pela decisão de Washington de reduzir a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) e, em particular, alguns programas de combate ao HIV ou à malária. Entrando em vigor, os Estados Unidos passarão a ser o país do G7 onde as transferências bancárias seriam as mais caras.

Segundo o Banco Mundial, em 2024, o país era a principal fonte de envio de remessas para a África subsaariana. Dos US$ 56 bilhões enviados à região, US$ 10 foram remetidos do território americano.

De acordo com um estudo do Centro Global de Conhecimento e Especialização Política sobre questões de migração e desenvolvimento (KNOMAD), em 2021, a Nigéria recebeu o maior volume de transferências dos Estados Unidos, com mais de US$ 5,7 bilhões. Cerca de 20% do PIB de Libéria provém de remessas internacionais, grande parte delas dos Estados Unidos. O Senegal também é muito dependente dessas transferências.

Com ou sem o novo imposto, as transferências internacionais bancárias continuarão, pois são vitais para a vida de milhares de famílias em países emergentes ou em desenvolvimento. O risco é que, com o aumento da taxa, as remessas passem a ser feitas por meio de circuitos informais ou criptomoedas, que poderiam gerar novos tráficos e fraudes.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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