Pelo menos 35% dos consumidores comerciais mineiros ultrapassaram as metas de consumo, de acordo com a Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fcemg). Além das sobretaxas, que têm chegado a valores de R$ 9 mil, preocupa os empresários a possibilidade de corte de energia a partir de agosto, caso haja reincidência no descumprimento de meta. Na avaliação dos comerciantes, o desligamento de energia poderá gerar até mesmo desemprego em seus estabelecimentos. A Cooperativa Mista de Consumo e Trabalho dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários do Estado de Minas Gerais (Cooavemig), por exemplo, que tem um posto de Gás Natural Veicular (GNV) na Cidade Industrial, em Contagem, recebeu a conta de energia com uma sobretaxa de R$ 10.692, o que correspondeu a um acréscimo de cerca de R$ 9.000 sobre o valor que seria pago normalmente.
O presidente da Cooavemig, Isaías Pereira, disse ontem que o posto não tem como cumprir a meta fixada, que é de 16.907 kWh por mês, já que o consumo de junho foi de 29.275 kWh. "A gente não consegue cumprir a meta", afirmou, antes de ressaltar que os compressores de gás utilizados no abastecimento de veículos consomem muita energia. De acordo com Pereira, para cumprir a meta de racionamento a Cooavemig teria que fechar o posto de GNV durante 15 dias do mês.
O comerciante Lindoval Conegundes, proprietário do restaurante Paracone, em Belo Horizonte, também amargou com a multa por excesso de consumo. Ele conta que substituiu o banho-maria elétrico do restaurante por um sistema aquecido a gás, mas mesmo assim viu sua conta saltar de R$ 3.300 para R$ 4.311 - alta de 30,6%.
O caso de Conegundes é similar ao da Cooavemig. Ele inaugurou o restaurante em julho de 2000, e a meta de consumo do estabelecimento foi calculada sobre os meses de agosto, setembro e outubro daquele ano. "Eu tinha 18 funcionários naquela época, hoje tenho 26", disse, ao lembrar que, de lá para cá, o restaurante teve aumento de clientela.
A sócia gerente da loja Drops For Kids, também em Santa Efigênia, Jane Venturini, excedeu a meta em 16 kWh, foi multada e disse não saber como economizar mais. "Como vou tirar a geladeira das funcionárias?", afirmou.