Os efeitos negativos dos possíveis apagões poderão ser ainda mais sentidos em cidades cuja topografia é mais plana, ou seja, em que o esgoto não flui apenas por gravidade. Uma cidade mineira com esse perfil é Januária, no norte do Estado. Já em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, de 15% a 18% do escoamento da rede de esgoto, que serve alguns bairros, é feito com a utilização de bombas elétricas. Segundo Leocádio Alves Pereira, do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia (Demae), uma paralisação no bombeamento por um período superior a duas ou três horas poderia até mesmo fazer com que o esgoto retornasse às residências.
"Essa possibilidade existe, mesmo porque não há como se utilizar um gerador. O abastecimento de água também ficaria comprometido", alertou. São dois os destinos dos esgotos: um sistema de tratamento, como o do Rio Arrudas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) - a primeira parte das obras deve ficar pronta em julho/início de agosto - ou os córregos e rios. Uberlândia também está contribuindo uma estação de tratamento de esgotos.
Atualmente, na cidade, os dejetos correm para o Rio Uberabinha e o seu afluente, o Bom Jardim. O único modo de evitar problemas futuros, na opinião de Leocádio, é não deixar que os apagões aconteçam. Tanto que a autarquia está desenvolvendo uma campanha publicitária convocando as pessoas a economizarem energia elétrica.
"Acho que esse problema pode ser evitado com a conscientização das pessoas. Temos, todos, que economizar energia, água e até alimentos, visto que a irrigação também gasta energia".
Segundo ele, a Prefeitura de Uberlândia está tentando negociar, com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a revisão da meta de 10% de redução de energia, proposta pelo Governo federal.
"Desde 1970 a cidade economiza energia, pois uma turbina aciona as nossa bombas no período de dezembro a maio, época em que a oferta de água é maior, o que representa uma redução de até 40%. Estamos querendo uma contrapartida, mesmo porque choveu muito pouco nos últimos meses", ponderou o funcionário do Demae.
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