O responsável do Banco Mundial (Bird) para a América Latina, o colombiano Guillermo Perry, declarou nesta segunda-feira que a previsão para o crescimento brasileiro é de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano e não de 4% como calculado inicialmente pela entidade.Perry advertiu que a instituição ainda está analisando o impacto que as medidas de racionamento terão na economia e ressaltou que 3% de crescimento não é um número negativo, "já que neste ano será difícil para toda a América Latina, que deverá registrar um crescimento de 2,9%", de acordo com cálculos do Bird.
Num seminário no Rio de Janeiro sobre títulos públicos, Guillermo Perry disse ainda que o racionamento de energia não deve aumentar a percepção do "risco país" do Brasil, ou seja, os investidores não vão desistir de aplicar no mercado local. Perry garantiu que o Bird não está preocupado com o impacto da crise energética, pois para seus especialistas ela não afetará os pilares da economia brasileira a longo prazo, embora possa trazer alguns desequilíbrios a curto prazo.
O governo brasileiro, segundo palavras do ministro da Economia Pedro Malan, já admitiu que o crescimento brasileiro de 2001 não será de 4,5% do PIB como previsto no início do ano com o Fundo Monetário Internacional (FMI), devido ao racionamento e à alta do dólar no país.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também reconheceu que fará uma revisão de suas metas de crescimento, produtividade e emprego industrial para 2001. No início, os técnicos previam um PIB de 4%, produção industrial a 6% e a taxa de emprego industrial acima de 1%.
Nos próximos dias, a CNI consultará as mais de quatro mil empresas em todo os país para avaliar o impacto do racionamento de energia no setor. A alta das taxas de juros e a conseqüente inibição do consumo e do crescimento já atingiram a produção industrial brasileira de abril, que caiu 1,6% em relação a março e iniciou uma desaceleração que vai se agravar com o racionamento de energia, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).