As contínuas pressões sobre a inflação e os prováveis efeitos da crise de energia foram os motivos que levaram o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) a elevar a taxa básica de juros pelo terceiro mês consecutivo em 0,5 ponto percentual para 16,75% ao ano em maio, informou o comitê na ata divulgada nesta quinta-feira. Segundo a ata da reunião realizada em 23 de maio, a manutenção da taxa Selic em 16,25% anuais apontaria para uma inflação “consideravelmente acima de 4,0% para 2001”, que é a meta central de inflação para o ano. O governo brasileiro trabalha com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima e para baixo.
“O Copom concluiu que a persistência das pressões já existentes sobre a taxa de inflação e os prováveis efeitos secundários da crise de energia recomendam reforço da política monetária de forma a realinhar a trajetória esperada da inflação em 2001 e, principalmente, em 2002”, informou a ata.
As pressões sobre a inflação são decorrentes de várias variáveis, entre elas a alta do preço internacional do petróleo e o efeito da cobrança de sobretaxa sobre as contas de energia a partir de junho por conta do plano de racionamento.
Na ata, o Copom prevê que os preços administrados --incluindo combustíveis, energia, transportes públicos e telefonia-- devem ter um reajuste de 13,3 por cento, com contribuição direta de 2,4 pontos percentuais para a inflação no ano.
A ata do Copom também considerou que o choque de oferta oriundo do racionamento de energia é temporário, ou seja, seus efeitos serão revertidos em 2002.