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Petistas apostam em '3º turno' no Congresso contra Bolsonaro

Partido fala em 'oposição sistemática' a governo; estratégia de campanha adotada no 2º turno acirrou divisões internas

29 out 2018 - 03h11
(atualizado às 07h34)
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BRASÍLIA - A derrota de Fernando Haddad na disputa presidencial abriu uma crise no PT, que está à procura de uma nova identidade para enfrentar a próxima temporada. Após 13 anos e meio à frente do Palácio do Planalto e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso pela Lava Jato, o partido já anuncia uma "oposição sistemática" ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), mas a busca pela hegemonia da esquerda enfrenta reações de antigos aliados.

Haddad faz pronunciamento em São Paulo
 28/10/2018    REUTERS/Paulo Whitaker
Haddad faz pronunciamento em São Paulo 28/10/2018 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

A cúpula petista vai agora jogar as fichas em sua bancada federal - a maior da Câmara, com 56 deputados eleitos - para tentar barrar propostas do novo governo e construir outro projeto de poder, de olho na eleição de 2022. O tom dessa estratégia, porém, ainda é motivo de divergência entre os que pregam uma guinada à esquerda e os defensores de uma inflexão mais moderada.

Nos bastidores, as mágoas da campanha já aparecem e não são poucos os que culpam Haddad, ex-prefeito de São Paulo, pela fracassada iniciativa posta em prática na segunda rodada do embate para atrair a centro-direita, em vez de priorizar a periferia perdida, como cobrou o rapper Mano Brown.

Escolhido na última hora por Lula para substituí-lo na chapa, Haddad nunca contou com a simpatia da direção do PT. Nem mesmo sua migração para a corrente Construindo um Novo Brasil, majoritária no partido, aplacou desconfianças internas.

O nome preferido do comando petista para herdar o espólio de Lula sempre foi o do ex-governador da Bahia Jaques Wagner, eleito senador. Wagner, porém, recusou a tarefa, que pode assumir daqui a quatro anos.

Em conversas reservadas, muitos integrantes do PT vislumbram um "terceiro turno" no Congresso e já apostam que Bolsonaro não terminará o mandato. Além de insinuações sobre um possível novo impeachment, após a deposição de Dilma Rousseff, em 2016, há no partido quem se preocupe, ainda, com as pretensões políticas de Haddad, que, ao contrário da maioria dos dirigentes, defende um inventário dos erros cometidos.

"Temos que resgatar a confiança das pessoas e corrigir os problemas", diz o ex-prefeito. Mesmo com esse discurso, Haddad jura que os seus planos, agora, se resumem a voltar a dar aulas de Administração e Gestão Pública no Insper. Poucos acreditam.

Na avaliação do deputado José Guimarães (CE), secretário de Assuntos Institucionais do PT, a legenda deve liderar um novo bloco no Congresso. "Como o PT vai pedir desculpas por ter ido para o segundo turno? Como vai deixar de exercer o protagonismo se tem metade do eleitorado?", perguntou ele, ao propor uma "ampla frente", incluindo até mesmo setores do MDB e do PSDB.

Aliado de Haddad, o PCdoB, no entanto, discorda dessa proposta e já articula um bloco parlamentar na Câmara com o PSB e o PDT. "A esquerda não pode seguir a lógica do hegemonismo. Isso seria um grande erro", afirmou o deputado Orlando Silva (SP), líder do PCdoB na Câmara.

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Estadão
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