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vc repórter: pais protestam por permanência de creche da Alesp

8 mai 2013 - 19h55
(atualizado às 19h55)
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<p>Contra fechamento de creche, funcionários da Assembleia Legislativa de São Paulo fazem abraço simbólico em frente à unidade</p><div> </div>
Contra fechamento de creche, funcionários da Assembleia Legislativa de São Paulo fazem abraço simbólico em frente à unidade
Foto: Roselaine Oliveira / vc repórter

Um grupo de funcionários da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) realizou, na tarde da última terça-feira, um abraço simbólico na creche que cuida de 55 crianças, filhos de funcionários da instituição. A manifestação teve como objetivo protestar contra a possibilidade do fechamento da unidade, que funciona desde 1979.

Os pais se uniram em frente à creche, muitos acompanhados dos filhos, e após o abraço simbólico fizeram uma passeata pelos corredores da Assembleia. O ato é uma forma de apelo pela manutenção da creche. De acordo com o deputado Major Olímpio Gomes, líder da bancada do PDT na Assembleia, há cerca de dez dias, conversas informais sobre a existência de um estudo da Mesa Diretora para fechar a creche assustaram os funcionários, que organizaram a manifestação. Também estiveram presentes outras lideranças políticas, como Carlos Giannazi (Psol) e Adriano Diogo (PT).

Em nota, a assessoria do deputado Samuel Moreira (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa, afirmou que um inquérito civil aberto pelo Ministério Público de São Paulo para investigar a suposta contratação irregular de funcionários motivou a realização de um estudo sobre o funcionamento da unidade. “A ideia é que os estudos resultem em uma proposta que resolva a questão colocada pelo Ministério Público, proporcione uma melhor utilização dos recursos públicos, e a ampliação do número de crianças atendidas”, alega a presidência da casa.

“O MP fiscalizou, com propriedade, funcionários que estariam em desvio de função. Fechar a unidade, no entanto, não é a solução. É como matar a vaca para acabar com o carrapato. É preciso investigar as irregularidades, mas não vejo uma razão para se fechar a creche”, defende o Major Olímpio.

Nota técnica

Na tentativa de acalmar os ânimos, uma nota técnica foi divulgada no final da tarde de ontem, pela Mesa Diretora, para contextualizar o estudo. Segundo a assessoria do presidente da AL, no entanto, o texto apresenta apenas uma das possibilidades, e o projeto ainda não foi protocolado. Sendo assim, como não há uma definição sobre o futuro da unidade, a manifestação teria sido uma ação precipitada na visão da presidência. 

<p>Atualmente, unidade atende 55 crianças, filhos de funcionários da Alesp; Mesa Diretora estuda auxílio-creche para contemplar mais 200</p>
Atualmente, unidade atende 55 crianças, filhos de funcionários da Alesp; Mesa Diretora estuda auxílio-creche para contemplar mais 200
Foto: Roselaine Oliveira / vc repórter

O departamento de Recursos Humanos estima que a Alesp tenha um universo de 250 crianças, filhos de funcionários em idade para frequentar a creche, mas atualmente apenas 55 são beneficiadas. Isso porque parte dos pais prefere matricular seus filhos em creches perto de suas casas, ou por preferências pedagógicas, além da parcela dos pais que reside em cidades no interior do Estado.

Segundo a Alesp, para atender as 55 crianças, são gastos atualmente R$ 3,5 milhões, o que equivale a R$ 5 mil por mês para cada criança, um valor muito superior ao cobrado pelas creches em geral. O novo modelo propõe estabelecer um auxílio-creche de até R$ 1.180,00 por criança para todos os pais com filhos com idade entre 4 meses e 4 anos. O valor, segundo cálculos da Alesp, manteria o gasto atual da Alesp, mas passaria a contemplar as 250 crianças com direito ao benefício.

A AL alega que com a mudança, as crianças de outros municípios seriam beneficiadas, bem como as que moram distantes da atual unidade. Segundo a nota, a creche funcionaria normalmente até o final do ano, e a partir de 2014 todos os demais funcionários poderiam aderir ao modelo. Os funcionários que atualmente trabalham na creche seriam realocados para outros setores da assembleia.

Oposição e funcionários rebatem

Para o deputado Olímpio Gomes, a ideia de fechar a creche pode representar um prejuízo para os funcionários e dar brecha ao desvio de verbas. “Isso pode se tornar uma forma de dar salários indiretos. Se lá na frente tiver um deputado mau caráter que contrate uma funcionária fantasma “mãe de trigêmeos”, por exemplo, o dinheiro de três auxílios-creche será desviado todo mês”, rebate.

“Além disso, eles não disseram qual seria a destinação dada à área da creche. Foi-se comentado que seria edificado uma área de garagens, e me preocupa a discussão sobre grandes obras na Assembleia Legislativa”, questiona o deputado que, garante, vai trabalhar para impedir o fechamento da unidade. “Vou obstruir todas as votações. Não há argumento que justifique o fechamento desta creche”, afirma.

“Vejo alguns deputados querendo acabar com um modelo que me faz sentir orgulho da Alesp. O padrão de serviço e atendimento é único, tanto para os filhos de Policiais Militares da casa quanto para cargos mais elevados. A Assembleia foi um dos primeiros órgãos públicos a constituir uma creche”, diz Olímpio.

Criada em 1979, durante a ditadura militar, graças à ex-deputada Irma Passoni, que reivindicou à Mesa Diretora um local para deixar sua filha enquanto trabalhava, a creche funciona em horário ampliado, deixando os filhos próximos aos pais enquanto eles acompanham as sessões legislativas.

“Se for para crescer corretamente, de forma transparente, tudo bem. Mas quero saber por que essa creche incomoda tanto depois de tantos anos como referência no atendimento aos funcionários”, questiona. Um projeto de resolução, ainda não protocolado, sobre a concessão do auxílio pré-escolar, já foi esboçado. Apenas depois de ser apresentado oficialmente, ele poderá passar pela avaliação dos deputados, que decidirão o futuro da creche.

A internauta Roselaine Oliveira, de São Paulo (SP), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

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