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Fortalecidos pela Justiça, estudantes da USP planejam 'resistência'

9 out 2013 - 22h41
(atualizado às 22h54)
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A saída do atual reitor, João Grandino Rodas, a constituição de eleições diretas para a escolha da reitoria e a saída da Polícia Militar do campus da universidade são as reivindicações dos estudantes
A saída do atual reitor, João Grandino Rodas, a constituição de eleições diretas para a escolha da reitoria e a saída da Polícia Militar do campus da universidade são as reivindicações dos estudantes
Foto: Vagner Magalhães / Terra

O grupo de estudantes que participa da invasão do prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (SP) planeja uma "longa" resistência. Respaldado provisoriamente pela Justiça - que negou, nesta quinta-feira, o pedido de reintegração de posse do prédio pedido pela universidade – eles articulam iniciativas para se manter no local. Nesta quinta-feira, os estudantes se reunirão às 18h no campus para deliberar os rumos do protesto, que eles próprios classificam como "político".

Em apoio a estudantes, deputado chama reitor de 'ditadorzinho'

Um grupo de cerca de 800 pessoas participou de uma manifestação na tarde desta quarta-feira, que teve início no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e terminou na porta da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). No prédio do Legislativo estadual foram recebidos, do lado de fora, por um grupo de cinco deputados. Ali, fizeram uma espécie de audiência pública.

De acordo com Pedro Serrano, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, a luta é política, com três pilares. A saída do atual reitor, João Grandino Rodas, a constituição de eleições diretas para a escolha da reitoria e a saída da Polícia Militar do campus da universidade. De acordo com o grupo, a segurança local deve ser feita pela guarda comunitária. 

"Vamos nos reunir nesta quinta-feira para discutir os rumos do movimento. Hoje a Justiça nos deu respaldo. A não aceitação da reintegração de posse é um recado para que haja diálogo. E essa oportunidade não vem sendo dada pelo governo do Estado e pela reitoria", disse.

Na tarde de terça-feira, houve uma tentativa de conciliação na Justiça, mas não houve acordo. O juiz Adriano Marcos Laroca negou nesta quarta-feira o pedido de reintegração de posse do prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) ocupado por estudantes. Segundo o magistrado, ainda há a possibilidade de retomada do prédio sem necessidade de uso da força policial, "bastando a cessação da intransigência da reitoria em dialogar, de forma democrática, com os estudantes".

O juiz afirma que a desocupação policial ocorreria às custas da imagem da universidade e da integridade física dos estudantes - bem maiores que o funcionamento parcial da administração da universidade e que o patrimônio material. 

Laroca diz ainda que houve "ausência total de disposição política da reitoria de iniciar um debate democrático com os estudantes, professores e servidores". 

Um grupo de cerca de 800 pessoas participou de uma manifestação na tarde desta quarta-feira, que teve início no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e terminou na porta da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp)
Um grupo de cerca de 800 pessoas participou de uma manifestação na tarde desta quarta-feira, que teve início no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e terminou na porta da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp)
Foto: Vagner Magalhães / Terra

"Certamente, é muito mais prejudicial à imagem da USP, sendo a universidade mais importante da América Latina, a desocupação de estudantes de um de seus prédios com o uso da Tropa de Choque, sem contar possíveis danos à integridade física dos estudantes, ratificando, mais uma vez, a tradição marcadamente autoritária da sociedade brasileira e de suas instituições, que, não reconhecendo conflitos sociais e de interesses, ao invés de resolvê-los pelo debate democrático, lançam mão da repressão ou da desmoralização do interlocutor. Aqui, não se olvide que sequer escapa desse 'pensamento único', infelizmente, a maioria da mídia e da própria sociedade, amalgamada, por longos anos, nessa tradição de pensamento autoritário", afirma o magistrado na sentença.

O deputado estadual Carlos Gianazzi (Psol), um dos que recebeu os alunos em frente à Alesp, afirmou que o reitor João Grandino Rodas deverá comparecer ainda este ano para prestar contas sobre o mandato como reitor da USP.

Ele disse que o encontro em frente à assembleia com os estudantes foi proveitoso. "Marcamos uma audiência pública para debater a democratização das universidades e o projeto de lei que nós apresentamos que institui a eleição direta para as três universidades públicas do Estado: Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade de São Paulo (USP).

O deputado petista Adriano Diogo foi o mais incisivo contra o atual reitor. "Os estudantes deveriam ser recebidos com tapete vermelho e banda de música. Quem deveria ser proibido de entrar na assembleia é o Rodas. Ele sim, um cara que não sabe que a ditadura acabou. Um infeliz, um ditador que mantém o mesmo esquema do período da ditadura, reprimindo, punindo, expulsando alunos", disse. Em seguida, completou: "a ditadura já acabou. O senhor passou do prazo, está com o prazo vencido. Ditadorzinho. Você está acabando com a universidade..."

Ao fim da manifestação, parte dos estudantes retornou para a avenida Paulista, causando transtorno ao trânsito. O protesto se encerrou definitivamente às 21h. 

Fonte: Terra
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