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BA: sindicato cobra retirada de livros com 'teor racista' de escolas

Apesar do protesto dos educadores, a secretaria de Educação de Salvador nega que os livros didáticos tenham conteúdo racista

21 fev 2013 - 17h34
(atualizado às 17h35)
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Professores da rede municipal de Salvador (BA) deram início na quarta-feira a uma paralisação de 48 horas para cobrar melhorias no sistema de ensino da cidade e para pressionar a prefeitura a retirar das escolas da rede um material didático que teria conteúdo racista. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), os livros distribuídos pelo programa educacional Alfa e Beto não é adequado para a alfabetização das crianças. 

"Esse material confronta com o que entendemos como modelo de educação, já que incentiva o racismo, o conformismo das pessoas", disse nesta quinta-feira Elza Melo, diretora do sindicato e uma das líderes da paralisação. Segundo ela, um dos textos faz uma comparação entre uma boneca loira, de olhos azuis e bem vestida, com outra de cabelo encaracolado, com trajes simples.

"O texto diz que a boneca mais bonita é a de pele branca. Isso é racismo", diz a professora ao afirmar que os educadores que aderiram a paralisação cobram a retirada imediata do material das escolas. "Queremos a retirada desses livros porque trabalhamos com alunos negros, pobres, e não vamos concodar em ir para sala de aula com esse tipo de leitura".

Além das reclamações quanto ao material didático, os professores cobram melhores condições de trabalho para garantir a implantação do horário expandido nas escolas municipais. A proposta da prefeitura é que os alunos tenham duas horas e meia de aula a mais por semana, mas o sindicato diz que não há professores suficientes para atender à demanda e a estrutura das escolas não é adequada.

Secretaria nega que material tenha conteúdo racista

De acordo com o secretário de Educação de Salvador, João Carlos Bacelar, os materiais didáticos do programa Alfa e Beto já foram distribuídos em mais de 800 municípios brasileiros, sem nenhuma reclamação. "Não há conteúdo racista nos textos. São textos literários, produzidos em determinado momento histórico", disse o secretário ao citar o exemplo de um trecho de Monteiro Lobato, que fala do Saci como um "moleque negro".

"O sindicato acha que deveria ser tratado como afrodescendente portador de necessidade especial. Não tem lógica isso, até porque a educação é feita para despertar a consciência crítica, mostrando o que se pensava em determinado momento da nossa história", afirmou. "Se for assim, vamos ter que queimar os livros de Jorge Amado, porque são machistas", completou o secretário.

Apesar dessa posição, Bacelar diz que aceita retirar alguns textos do material para atenter a demanda dos professores. A retirada de todos os livros está descartada. Segundo ele, foram investidos R$ 12 milhões na aquisição do conteúdo e na capacitação de professores. A coleção é voltada para alunos do ensino fundamental um - do primeiro ao quinto ano.

Fonte: Terra
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