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O Programa de Prevenção
e Erradicação do Trabalho Infantil (Peti),
lançado há 3 anos, já retirou
da lavoura de sisal, das pedreiras e da fabricação
de fogos cerca de 33 mil adolescentes de 7 a 14 anos
na Bahia.
O número deve subir para 60 mil até
o fim do ano, segundo o Ministério da Previdência
e a Secretaria da Ação Social do Estado.
Mas a grande dificuldade do programa é evitar
que as crianças retornem ao trabalho, após
completar a idade-limite.
Para tirar garotos e garotas das atividades, o Peti
paga R$ 25,00 a cada família por criança
inscrita. O menor passa a freqüentar a escola
e a desenvolver atividades de esporte e lazer. Os
37 municípios que integram o plano recebem
também R$ 25,00 por aluno matriculado, para
ajudar nas despesas da escola. O maior contingente
de crianças atuava nas plantações
de sisal, cortando as folhas da planta sem equipamento
de proteção. As folhas são pontiagudas
e provocam acidentes, já tendo cegado centenas
de trabalhadores rurais, inclusive crianças
que trabalhavam oito horas por dia.
Comissões municipais, integradas por membros
de sindicatos de trabalhadores, além de autoridades
de câmaras, prefeituras, Justiça e Ministério
Público, organizam a inscrição
das famílias, administram e acompanham a aplicação
dos recursos. O programa é elogiado como um
dos mais sérios pela Associação
dos Pequenos Agricultores do Estado da Bahia (Apaeb),
entidade premiada por seu trabalho comunitário.
O gerente da Apaeb, Ismael Ferreira, reclama, contudo,
da falta de uma atividade que permita ao adolescente
continuar estudando quando completa 15 anos, a idade-limite
do Peti.
"Muitos são obrigados a voltar a trabalhar para ajudar a família."
Quase mil garotos estão nessa condição.
"Eles ganham R$ 50,00 a R$ 60,00 por mês
nas roças de sisal e suas famílias não
podem abrir mão desse dinheiro." A solução,
segundo Ferreira, seria ampliar a idade para a bolsa
e inscrever os alunos em cursos profissionalizantes.
"Além disso, o governo poderia investir
mais na lavoura do sisal, para criar renda na região."
Redação
Terra / O Estado de S. Paulo
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