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O Brasil tem cerca de 25 mil
crianças de cinco anos trabalhando. Conforme
a faixa etária vai aumentando, esse número
também cresce, até que culmina em 1,7
milhão aos 17 anos, metade da população
do País dessa idade.
Os dados fazem parte de um estudo encomendado pela
Organização Internacional do Trabalho
(OIT) ao escritor e analista Simon Schwartzman, que
deve ser publicado em alguns meses. Ele foi elaborado
com base em pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) de 1993, 1995 e 1998 e
começa dizendo que o trabalho infantil é
preocupante, não só por desrespeitar
a lei como também pelos prejuízos que
pode trazer ao desenvolvimento físico e emocional
dos jovens.
A Constituição Federal determina 16
anos como a idade mínima para o trabalho. Os
aprendizes podem começar a trabalhar aos 14
anos. Atividades penosas, insalubres, perigosas ou
noturnas, porém, só para maiores de
idade.
Segundo o documento, o trabalho infanto-juvenil concentra-se
em atividades agrícolas e em famílias
que atuam por conta própria, como nos setores
de comércio e serviços. Em termos regionais,
o problema está presente tanto em Estados pobres,
quanto em áreas mais ricas. Até os 14
anos, mais da metade das crianças trabalha
sem remuneração. Já aos 17 anos,
68% recebem pelo serviço.
Nas zonas urbanas o que predomina é o emprego
no mercado informal, com um número significativo
de menores em atividades domésticas sem remuneração.
Já os jovens remunerados, mas sem carteira,
dispersam-se em várias ocupações,
de ajudantes de pedreiro a balconistas.
O autor esclarece que o trabalho infantil no Brasil
está mais associado à pobreza rural
que à exploração. "Mas existem
situações óbvias de superexploração,
como o trabalho doméstico feminino."
Por fim, meninos que trabalham costumam ter menos escolaridade que os que não
trabalham, mas a deficiência escolar, principalmente
nas idades mais avançadas e na zona rural,
parece estar, para o autor, mais associada às
limitações do sistema educacional que
ao trabalho.
Redação
Terra / O Estado de S. Paulo
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