Sociedade Brasileira de Ceratocone divulga mapeamento inédito sobre o tratamento da doença no Brasil

24 out 2017 - 15h50

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O Ceratocone é uma doença de origem hereditária, degenerativa e atinge uma em cada duas mil pessoas. Ela acomete adolescentes ou adultos jovens e caracteriza-se pelo afinamento e aumento de curvatura da córnea, levando ao aparecimento de miopia e elevado grau de astigmatismo irregular com acentuada baixa da acuidade visual. Os sintomas apresentados pelo paciente no início da doença são desconforto visual, dor de cabeça, fotofobia, baixa da acuidade visual e troca frequente das lentes dos óculos. A doença ainda é a principal causa de transplantes de córnea - entre os mais de 23 mil transplantes realizados por ano no Brasil, mais de 13 mil são de córnea.

"O ceratocone tem 4 graus evolutivos e dependendo da severidade da doença o paciente pode perder a visão, resultando na necessidade de um transplante de córnea. Mas com os tratamentos atuais é possível diagnosticar o problema e interromper o progresso da doença. O diagnóstico precoce é fundamental para ajudar no tratamento", afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Ceratocone, Dr. Renato Neves.

O levantamento inédito da Sociedade Brasileira de Ceratocone revela como é feito atualmente o diagnóstico e tratamento da doença no Brasil. São parâmetros importantes, descritos pelos maiores especialistas brasileiros em doenças da córnea e que participaram de forma voluntária da pesquisa.

"É importante unificar a conduta (dos médicos) para que todos os pacientes tenham a mesma oportunidade de tratar a doença em alto nível por todos os cantos do país", afirmou o Dr. Marcelo Tojar, diretor de pesquisas da Sociedade Brasileira de Ceratocone.

Os resultados da pesquisa foram divulgados durante o III Congresso da Sociedade Brasileira de Ceratocone, realizado em São Paulo, entre os dias 21 e 23 de outubro. Foram ouvidos 107 especialistas de todo o país sobre as formas mais comuns de diagnóstico e tratamento da doença. Os médicos responderam a um extenso questionário em que opinaram sobre condutas realizadas no atendimento e acompanhamento dos pacientes com Ceratocone. Eles citaram, por exemplo, os exames básicos que devem ser realizados em qualquer consulta oftalmológica e a periodicidade das consultas ao oftalmologista, de acordo com a faixa etária. Os médicos foram estimulados ainda a se manifestar em questões específicas sobre o tratamento e técnicas empregadas.

"A pesquisa vem para mostrar como a comunidade médica vem fazendo o tratamento. A partir daí, será feito um manual de conduta da Sociedade Brasileira de Ceratocone (protocolo) a ser publicado no próximo congresso em Belo Horizonte. A pesquisa, na verdade, serve de parâmetro para que possamos com base científica escrever o protocolo. Sob nosso ponto de vista é muito importante saber onde estamos para determinar um objetivo, por isso começamos pela pesquisa de opinião", acrescenta o Dr. Marcelo Tojar.

Durante os 3 dias de congresso, os médicos debateram os avanços em tratamentos e técnicas para frear o avanço do Ceratocone.

"Hoje, com o Anel Intracorneano, o Crosslink, as lentes de contato, as novas tecnologias e técnicas mais modernas de transplante de córnea foram alcançados resultados nunca antes vistos, com a diminuição dos números de transplantes e a recuperação da qualidade da visão de milhares de pacientes", conclui o Dr. Renato Neves.