Mineira é destaque no mercado imobiliário de Orlando nos Estados Unidos

O telefone dela recebe notificações de mensagem 24 horas por dia. Com uma rotina diária incomum, em comparação a outros profissionais, a brasileira Patrícia Lamana Pretel trabalha para atender seus clientes interessados em fazer investimento em um dos mercados imobiliários mais cobiçados dos Estados Unidos. "Orlando é uma cidade que atrai investidores multiculturais. Tenho vários clientes em diferentes fusos horários. Recentemente, estava atendendo dois da China, ou seja, trocar mensagens e fazer videoconferência às onze da noite tem que ser normal para mim", afirma a corretora de imóveis e consultora de negócios.

Atualmente, Orlando, na Flórida, possui 13 parques temáticos reconhecidos mundialmente e recebeu, em 2017, o recorde de 72 milhões de turistas, de acordo com o Visit Orlando, órgão de turismo oficial da cidade. Esses números tornam a Terra do Mickey Mouse a cidade mais turística dos EUA. Na esteira dessa indústria do entretenimento, há um pulsante mercado imobiliário. Segundo Patrícia, são investidores e turistas do mundo todo em busca de imóveis para comprar ou alugar. "Ter o patrimônio em dólar, moeda que dita a economia mundial; possibilitar o envio de grandes remessas de dinheiro para os Estados Unidos sem taxas adicionais de câmbio; ter um investimento relacionado ao turismo na cidade mais visitada daquele país; investir em um mercado que possui plano de negócios já estabelecido para os próximos 150 anos." Essas são algumas das vantagens que atraem tantos investidores para Orlando, inclusive os brasileiros.

Nascida em Poços de Caldas (MG), e criada em Belo Horizonte, Patricia Lamana Pretel, de 37 anos, é formada em administração de empresas com MBA em marketing e especializada em investimento imobiliário nos Estados Unidos. Ela costuma atender empresários renomados e personalidades. E traz no currículo o desafio de ter fechado negócio em uma das áreas mais cobiçadas de Orlando para o cantor sertanejo Luciano, que faz dupla com o irmão Zezé Di Camargo. "Ele e a esposa, Flávia Camargo, possuíam uma casa no Golden Oak Disney Resort. É um condomínio de casas de luxo na área da Disney e administrado pela Disney. A maioria das pessoas nem tem conhecimento que a Disney possui um condomínio residencial absolutamente exclusivo. Fui a corretora responsável pela negociação da casa do casal. Pelo perfil do imóvel, não é uma venda simples de se executar. O tempo médio de venda de um imóvel desse condomínio é de 18 meses, mas efetivei a venda da casa deles em apenas 63 dias", afirma.

De acordo com a corretora e consultora de negócios, existem atualmente em torno de 5 mil imóveis à venda em Orlando, sem contar os lançamentos. "Além disso, a cidade possui mais de 100 desenvolvimentos imobiliários que podem se encaixar como oportunidade de investimento para diversos perfis de clientes. Há muita procura e o mercado imobiliário é bem aquecido. A própria cultura de vida do americano, que envolve mudanças entre Estados por transferências de trabalho ou faculdade de filhos, contribui para que o mercado permaneça girando. O tempo médio de revenda é de cinco anos", pontua. Levantamento do Local Market Monitor aponta que os preços das casas em Orlando aumentaram 9% em 2017, atingindo uma média de US$ 247.550. O instituto prevê que os preços vão aumentar 35% até o início de 2021.

Diante de um mercado tão pujante, para iniciar uma primeira negociação de imóveis na cidade norte-americana, o capital inicial varia conforme o planejamento do investimento. "Em geral, a partir de 100 mil dólares é possível comprar um imóvel rentável em renomados resorts de férias", esclarece Patrícia.

Existem vários programas de financiamento de imóveis e não precisa ser naturalizado norte-americano para fechar negócio. "Orlando possui programas de financiamento imobiliário específicos para estrangeiros. Tendo apenas passaporte, visto de turista e comprovação financeira, o brasileiro pode financiar um imóvel em até 30 anos", revela.

Quando o assunto é passar férias em Orlando, Patrícia explica que é comum turistas optarem pelas casas em vez dos hotéis, até porque o tempo médio de hospedagem varia de sete a 15 dias. O motivo é simples: o "american way of life". Patrícia descreve que os resorts de férias mais badalados em Orlando possuem casas de quatro a 14 quartos, isso para atender famílias ou grupos inteiros de turistas. "As plantas são bem estratégicas no que se refere a dar privacidade para acomodar múltiplas famílias", pontua.

Casada e mãe de duas crianças, Patrícia conta que se mudou para os EUA depois de o marido se tornar diretor de criação de uma agência americana. Ela, então, teve que se reinventar na carreira. "Sempre estive envolvida com o mercado imobiliário. No Brasil, eu e meu marido tínhamos agência de publicidade e marketing, com uma carteira considerável de clientes no mercado imobiliário. Meu trabalho era coordenar o planejamento e a execução do lançamento de empreendimentos imobiliários. Definição da imagem a ser adotada por um empreendimento, criação de material de marketing, definição de estratégias de mídia, planejamento de mídia estratégias de venda, treinamento de corretores e estratégias de pós-venda. Nos Estados Unidos, atuo como corretora de imóveis."

Patricia revela fazer parte de uma rede de corretores, que é referência mundial no mercado imobiliário. A rede possui 1.200 escritórios em 45 países e registrou, no último ano, um volume de vendas de US$ 118 bilhões. "É comum encontrar corretores de outros países, inclusive brasileiros. Infelizmente, muitos corretores estrangeiros oferecem informações referentes a burocracia, legalização e contabilidade, das quais não possuem conhecimento técnico e autorização legal para tal. Como o portfólio de imóveis nos Estados Unidos é unificado, ou seja, todos os corretores de imóveis têm acesso e podem comercializar os mesmos imóveis, é fundamental que o cliente escolha bem o corretor de imóveis que irá assessorar", afirma Patrícia. "Existem vários aspectos mercadológicos e legais que envolvem uma transação imobiliária. É imprescindível que o corretor tenha a experiência e a transparência necessárias para não pensar somente em concluir a venda, mas realmente no melhor negócio para o cliente."