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Congregação de Madre Teresa é acusada de vender bebês na Índia

5 jul 2018 - 17h03
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Autoridades indianas prendem freira e funcionária de abrigo das Missionárias da Caridade, que admitiram a venda de ao menos seis crianças a casais sem filhos. Polícia investiga outros casos.A polícia da Índia informou nesta quarta-feira (04/07) que prendeu uma freira e uma funcionária de um abrigo das Missionárias da Caridade - a congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá - acusadas de vender um bebê.

Freiras da Missionárias da Caridade, que cuidam de pessoas em situação de vulnerabilidade, como mães solteiras, doentes, prostitutas, leprosos, crianças de rua e doentes mentais.
Freiras da Missionárias da Caridade, que cuidam de pessoas em situação de vulnerabilidade, como mães solteiras, doentes, prostitutas, leprosos, crianças de rua e doentes mentais.
Foto: DW / Deutsche Welle

O caso foi revelado após um casal indiano afirmar à polícia que pagou 120 mil rupias (cerca de 6 mil reais) para Anima Indwar, funcionária de um dos abrigos da congregação no estado de Jharkhand, em troca de um bebê de apenas 14 dias. Segundo o casal, a funcionária pegou o bebê de volta poucas semanas depois, durante uma visita deles ao abrigo, mas o dinheiro não foi devolvido.

A polícia informou que está investigando outros casos. "Elas admitiram que até seis crianças foram vendidas para casais sem filhos", disse o policial Aman Kumar à agência de notícias Reuters.

Ainda de acordo com as autoridades, 12 mulheres grávidas que estavam no abrigo foram transferidas para centros de acolhida do governo. Cerca de 100 mil rupias foram apreendidas no centro, que fica em Ranchi, capital do estado de Jharkhand.

Arti Kujur, chefe da Sociedade de Proteção às Crianças do estado, disse que membros do centro estavam cobrando entre 40 mil e 100 mil rupias por cada bebê, dependendo de quanto os casais sem filhos podiam pagar. "Recebemos muitas queixas relacionadas ao funcionamento desta casa e estávamos observando-as atentamente há quase seis meses", disse.

Outro lado

Chandra Argawal, porta-voz das Missionárias da Caridade em Calicute, disse desconhecer o caso de Ranchi e afirmou que nunca tinha ouvido falar da venda de crianças "em 50 anos de associação" com a ordem de Madre Teresa.

Ela também apontou que a congregação não intermedeia mais processos de adoção desde 2015 devido a mudanças nas leis. À época, o governo indiano introduziu uma reforma na área, criando um banco de dados nacional, que acabou por reduzir a influência de centros de acolhida no processo, e permitindo ainda a adoção de crianças por pais e mães solteiras.

As Missionárias da Caridade se mostraram críticas desse último ponto. "Permitem aos pais solteiros ter uma criança, precisamos dos dois pais e uma investigação apropriada, com os antecedentes penais e tudo", argumentara Argawal.

História e controvérsias

Desde que a congregação foi fundada, há mais de 60 anos, as Missionárias da Caridade criaram centenas de abrigos para cuidar de pessoas em situação de vulnerabilidade, incluindo mães solteiras, doentes, prostitutas, leprosos, crianças de rua e doentes mentais.

Em vez do hábito, os 4.500 membros da congregação vestem um sari (tradicional peça de roupa feminina indiana) de cor branca com faixas azuis.

A criadora da congregação, Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1976 por seu trabalho de caridade, mas também foi alvo de críticas ainda em vida por sua oposição irredutível a métodos contraceptivos e pela proximidade com figuras controversas, como o ditador haitiano Jean-Claude Duvalier, conhecido como "Baby Doc".

Ex-membros das Missionárias da Caridade também alegaram que vários centros mantidos pela congregação na Índia não ofereciam tratamento médico adequado para os doentes e, em vez disso, glorificavam o sofrimento como uma espécie de prova de fé.

Madre Teresa foi proclamada santa pela Igreja Católica em setembro de 2016.

JPS/efe/rt/ap/ots

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