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Crianças lideradas por Greta prestam queixa à Unicef contra inação de governos em frear aquecimento

Grupo alega que os países estão falhando em lidar com as mudanças climáticas, o que constitui uma violação dos direito das crianças

25 set 2019 - 12h29
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NOVA YORK - Depois de se dirigir a líderes mundiais na Cúpula do Clima da ONU, em Nova York, a adolescente sueca Greta Thunberg, de 16 anos, juntamente com outros 15 adolescentes de várias partes do mundo, entre eles uma brasileira, prestaram uma queixa formal na Unicef, o braço das Nações Unidas para a infância, contra a falta de ação de governantes contra a crise climática.

O grupo, que tem pessoas entre 8 e 17 anos, alega que os países estão falhando em lidar com as mudanças climáticas, o que constitui uma violação dos direito das crianças. A queixa é dirigida aos países signatários da Convenção dos Direitos da Criança, entre eles, o Brasil.

"Estamos aqui como cidadãos do planeta, como vítimas da poluição que foi despejada em nossa terra, ar e mar por gerações, e como crianças cujos direitos estão sendo violados. Hoje estamos revidando", disse a americana Alexandria Villaseñor, de 14 anos, que lidera a organização das Fridays for Future nos Estados Unidos.

"Trinta anos atrás, os líderes mundiais assumiram um compromisso histórico com as crianças do mundo adotando a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança - um tratado internacional de direitos humanos que estabelece os direitos humanos de todas as crianças - sem discriminação de qualquer tipo", afirmou. "Mas parece que os governos do mundo esqueceram seus compromissos. O tratado diz que os países devem proteger e respeitar o direito de toda criança à vida, saúde, cultura e bem-estar econômico. Mas eles não estão", diz.

"Trinta anos atrás, o mundo fez uma promessa para nós. Praticamente todos os países do mundo concordaram que as crianças têm direitos que devem ser protegidos e os países que assinaram o 3º protocolo opcional de comunicação se comprometeram a permitir que apelemos às Nações Unidas quando esses direitos estiverem sendo violados. Então é exatamente isso que estamos fazendo hoje", continuou Alexandria.

"Cada um de nós teve seus direitos violados e negados. Nossos futuros estão sendo destruídos. E estamos aqui, cada um de nós, para lhe dizer como e por quê."

A brasileira Catarina Lorenzo, de 12 anos, de Salvador, afirmou que estava ali para demandar aos líderes a combaterem as mudanças climáticas. Ela citou ainda situação da sua cidade, dizendo que esgoto jogado no mar contamina a água deixando doentes as crianças que nadam ali. "Estamos aqui para salvar nosso futuro", disse.

Havia ainda crianças e adolescentes de Argentina, França, Alemanha, Índia, Ilhas Marshal, Nigéria, Palau, África do Sul e Tunísia.

A Unicef permite que crianças ou adultos em nome delas façam suas próprias petições e "exerçam seu direito de apresentar queixas por meio de procedimento de comunicação".

Antes de ir à Unicef, Greta fez o que talvez seja seu mais dramático e duro discurso até o momento, chegando a arrancar lágrimas entre os ouvintes.

"Isso tudo está errado, eu não deveria estar aqui, eu deveria estar na escola do outro lado do oceano. Como vocês ousam? Vocês roubaram os meus sonhos e minha infância com palavras vazias", disse.

"Pessoas estão sofrendo, morrendo, ecossistemas inteiros estão entrando em colapso, temos extinções em massa. E vocês vêm aqui falar de contos de fada de dinheiro e crescimento econômico", continuou a jovem ativista, que se transformou em uma das principais vozes hoje no mundo a pedir ações contra as mudanças climáticas.

*A repórter viajou a convite da organização No Peace Without Justice.

Estadão
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