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Cassação de Daniel Silveira 'só cria precedente para débil mental', diz deputado do Centrão

Partido de Arthur Lira deve votar quase todo pela manutenção da prisão de Daniel Silveira

19 fev 2021 - 21h31
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BRASÍLIA -- O Progressistas, antigo PP, deve votar "quase todo" pela manutenção da prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), segundo congressistas ouvidos pela reportagem do Estadão. A sigla tem a terceira maior bancada da Câmara, com 42 deputados, e é o partido do presidente da Casa, Arthur Lira (AL).

Nas contas do deputado Eduardo da Fonte (Progressistas-PE), "por volta de 90%" da bancada deve votar para manter Silveira preso. De acordo com ele, a avaliação na bancada é a de que o deputado do PSL do Rio de Janeiro extrapolou os limites da liberdade de expressão e a imunidade material dos parlamentares. A maioria dos deputados do Progressistas também não estaria preocupada com a possibilidade de a decisão de hoje abrir um precedente para casos parecidos no futuro - pois é improvável que outro congressista volte a fazer um ataque tão virulento como o de Silveira.

"Ouvi um deputado muito experiente do partido dizendo o seguinte: 'Eu não me preocupo com esse precedente, porque esse é um precedente de débil mental'", disse da Fonte, ressaltando que ele próprio não estava fazendo juízo de valor sobre o caso.

A Câmara tem sessão marcada para às 17h de hoje para decidir o assunto. Daniel Silveira foi preso na noite de terça-feira, 16, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, depois de publicar um vídeo nas redes sociais com ameaças e xingamentos aos ministros da Corte.

O Estadão procurou os 24 líderes de partidos da Casa e nove afirmaram que vão orientar suas bancadas a votar para manter o deputado bolsonarista na cadeia. Apenas três deles disseram que os representantes da sigla vão defender a soltura e outros quatro preferiram não dizer como a legenda vai se posicionar. Os demais não responderam até o momento.

A reportagem apurou que o líder do Progressistas, Caca Leão (BA), disse aos pares em reunião, ontem, na casa de Lira, que a bancada está dividida, mas deve ter maioria a favor da prisão. Procurado pela reportagem, ele não se manifestou sobre a posição da sigla.

O deputado Fausto Pinato (Progressistas-SP) também acredita em maioria da bancada a favor da manutenção da prisão de Silveira. Integrante da base de Bolsonaro, ele diz que a decisão deve dar um basta à "brincadeira de ditadura". "Que sirva como aviso de que a brincadeira acabou. Esse negócio de ficar brincando de virar ditadura, de fechar STF e Congresso, acabou", disse Pinato.

O deputado afirmou que a posição dos membros da bancada também é influenciada pela vontade de limitar os extremistas que, tempos atrás, miravam o mesmo Centrão que hoje dá maioria a Bolsonaro na Câmara.

"Não é uma questão de partido ou de estar certo ou errado. Começamos os trabalhos há 15 dias com um discurso de pacificação, moderação. Um ano atrás o Centrão foi vítima dessa mesma ala ideológica, de Olavo de Carvalho, que batiam na gente. Os Poderes têm que estar em harmonia. Temos uma economia para salvar", afirmou Pinato.

Na manhã desta sexta-feira, Lira indicou a deputada Magda Mofatto (PL-GO) como relatora do caso na Câmara. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) chegou a ser apontado, na noite de ontem, por líderes de partidos como relator do caso, mas a escolha não foi formalizada. Em nota, ele se disse "surpreso" com a mudança.

Estadão
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