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Sargento com cocaína em avião deve levar à revisão de normas

Força Aérea Brasileira abre inquérito para investigar militar preso com a droga em Sevilla

26 jun 2019 - 15h38
(atualizado às 16h07)
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A Força Aérea Brasileira já abriu o Inquérito Policial Militar (IPM) que vai investigar a prisão do 2.º sargento da Aeronáutica, cujas iniciais do nome são M.S.R., em Sevilha, Espanha, na manhã de terça-feira, após ter chegado àquele país com 39 quilos de cocaína, em sua bagagem pessoal.

Um dos focos da investigação é em relação ao embarque e transporte da droga na aeronave militar que foi para a Espanha, com três equipes de tripulação, que trabalhariam na comitiva do presidente Jair Bolsonaro durante a segunda etapa da viagem para o Japão, onde participará de reunião do G-20.

O sargento, que é comissário de bordo, não atenderia ao avião presidencial, mas ao avião reserva. De acordo com uma das fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, o episódio certamente levará à revisão das normas de embarques em aviões militares e da comitiva presidencial.

O presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente General Mourão viajaram em avião da FAB
O presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente General Mourão viajaram em avião da FAB
Foto: FAB

Segundo informações repassadas ao governo brasileiro, o sargento foi ouvido nesta quarta-feira, 26, em Sevilha, onde está preso. Não se sabe ainda por quanto tempo ele permanecerá nesta unidade. O Ministério das Relações Exteriores também está acompanhando o caso, já que se trata de cidadão brasileiro que tem direito a assistência consular cabível, como qualquer outro cidadão detido pelas autoridades espanholas.

Mas, internamente, todos lembram que se trata da investigação de um traficante de drogas, que usou aeronave militar para cometer o delito, o que já seria grave em qualquer lugar, pior ainda, na avaliação deles, pelo crime ter ocorrido com um sargento da ativa e em um avião militar.

Normalmente, a fiscalização de bagagens é feita de maneira aleatória nas aeronaves. E a primeira avaliação, segundo apurou o Estadão/Broadcast, é de que não houve vistoria nas bagagens que estavam no avião EMB-190 do Grupo de Transportes Especiais (GTE), que saiu de Brasília com as três tripulações.

A primeira equipe era integrada pelo pessoal que assumiria o voo do avião presidencial, o Airbus A-390 faria o trecho entre Sevilha e Osaka, no Japão. A segunda equipe, onde M.S.R. se encaixava, atenderia ao avião reserva da comitiva. E a terceira embarcaria no próprio EMB-190, que levaria de Sevilha para Osaka o escalão avançado da Presidência, que receberia o presidente Bolsonaro no Japão.

Com a descoberta da droga, o sargento foi preso, mas todas as demais pessoas da equipe foram liberadas. Por causa do problema, o governo brasileiro decidiu trocar o local de escala técnica do avião presidencial de Sevilha para Lisboa, o que ocorreu na manhã desta quarta-feira. As tripulações que atenderiam ao avião presidencial e reserva foram para Lisboa. A terceira equipe foi de Sevilha para Osaka, como escalão avançado, para esperar a chegada de Bolsonaro e comitiva.

O episódio foi discutido na reunião de rotina o Alto Comando da Força Aérea, que está sendo realizada em Brasília para tratar de promoções e assuntos administrativos. A indignação e revolta de todos é com o fato de um militar de carreira estar usando aeronave militar para transportar drogas, atitude considerada por eles como passível de leva à expulsão da Força, com prisão.

Além disso, há o problema político, pelo fato de o sargento estar escalado na equipe que atende ao escalão avançado e de reserva do presidente da República. Por isso, a avaliação de que será preciso haver reavaliação de procedimento no embarque de bagagens em aeronaves militares e em viagens presidenciais. Não há ainda uma decisão do que será feito, nem de que maneira.

O Ministério da Defesa e a FAB ao informaram que o militar foi detido no aeroporto de Sevilha, "por suspeita de envolvimento no transporte de substância entorpecente" salientaram que "repudiam condutas dessa natureza", reforçam o "compromisso com o rigor das investigações, na aplicação do regulamento e na apuração e elucidação do caso", bem como salientam que "irão colaborar com as autoridades".

Estadão
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