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Sarney não merece ser tratado como uma pessoa comum, diz Lula

17 jun 2009 - 09h11
(atualizado às 13h13)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira a sequência de denúncias de irregularidades no Senado. Em viagem ao Cazaquistão, Lula comentou o discurso feito na terça-feira pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que se defendeu das acusações de usar atos secretos para nomear parentes na Casa. "Não li a reportagem do presidente Sarney, mas penso que ele tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum", disse Lula.

O presidente do Senado, José Sarney, fez pronunciamento na terça-feira
O presidente do Senado, José Sarney, fez pronunciamento na terça-feira
Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

O presidente Lula disse que é importante investigar o que houve, inclusive para saber a quem poderia interessar desestabilizar o Senado.

"Essa história tem que ser mais bem explicada. Não sei a quem interessa enfraquecer o Poder Legislativo no Brasil. Mas penso o seguinte: quando tivemos o Congresso Nacional desmoralizado e fechado foi muito pior para o Brasil, portanto é importante pensar na preservação das instituições e separar o joio do trigo. Se tiver coisa errada, que se faça uma investigação correta."

Lula disse também que o governo não teme ser prejudicado pelas denúncias sobre o Senado. "Todos os senadores, a começar do presidente Sarney, têm responsabilidade de dirigir o destino do País, ou seja, do Congresso Nacional, vamos esperar que essas coisas se resolvam logo", acrescentou.

Para o presidente, as denúncias podem acabar cansando a população. "Elas (as denúncias) não têm fim e depois não acontece nada (...) O que não se pode é todo dia você arrumar uma vírgula a mais, você vai desmoralizando todo mundo, cansando todo mundo, inclusive a imprensa corre o risco. Porque a imprensa também tem que ter a certeza de que ela não pode ser desacreditada porque, na hora em que a pessoa começar a pensar 'olha, eu não acredito no Senado, não acredito na Câmara, não acredito no Poder Executivo, no STF, também não acredito na imprensa', o que vai surgir depois?", afirmou.

"Crise é do Senado"

Na terça-feira, Sarney afirmou que, apesar de o Senado ter passado por diversas crises nos últimos anos, seu nome nunca foi citado em atos ilegais. "A crise do Senado não é minha", disse o presidente da Casa.

Desde o início da gestão Sarney, em fevereiro, vieram à tona diversas denúncias, como o pagamento de horas extras no período de recesso parlamentar. O ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia foi acusado de não declarar a posse de uma casa à Receita Federal. Já o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi teria se beneficiado de contratos assinados entre o Senado e bancos que ofereciam crédito consignado aos servidores da instituição.

Houve inúmeras denúncias sobre o mau uso da cota de passagens aéreas por senadores, assim como da verba indenizatória. Mais recentemente, surgiram denúncias sobre a publicação de atos secretos pela administração do Senado para a contratação de funcionários, entre eles parentes de Sarney.

Em seu discurso, o presidente do Senado listou as medidas que adotou desde que tomou posse. Disse, por exemplo, que regulamentou a utilização desses benefícios e, além de anunciar um corte linear de 10 por cento do orçamento da Casa e extinguir diversas diretorias, restringiu gastos com uso de telefones e assistência médica.

Segundo o parlamentar, os atos secretos do Senado, que podem não ter sido devidamente publicados, são fatos do passado, responsabilidade inclusive de ex-presidentes da Casa que já morreram. "Eu não sei o que é ato secreto. Aqui ninguém sabe o que é ato secreto", disse, lembrando que uma comissão está investigando as suspeitas e defendendo a punição dos culpados.

Com informações da Agência Brasil e Reuters

Fonte: Terra
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