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Líder alemão diz ter ficado feliz ao ir embora de Belém; prefeito chama fala de 'arrogante e preconceituosa'

Friedrich Merz disse que Alemanha é um dos países 'mais bonitos do mundo' e nenhum jornalista queria ficar em Belém

19 nov 2025 - 15h25
(atualizado em 19/11/2025 às 23h11)
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Merz disse que Alemanha um dos países 'mais bonitos do mundo' e nenhum jornalista queria ficar em Belém
Merz disse que Alemanha um dos países 'mais bonitos do mundo' e nenhum jornalista queria ficar em Belém
Foto: AFP via Getty Images / BBC News Brasil

O chanceler alemão (cargo equivalente ao de primeiro-ministro), Friedrich Merz, comparou de forma depreciativa o Brasil com a Alemanha durante um discurso realizado no Congresso Alemão do Comércio no dia 13 de novembro.

Merz disse que seu país era um dos "mais bonitos do mundo" e que todos os jornalistas alemães que estiveram na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, ficaram felizes de ir embora da cidade.

"Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: 'Quem de vocês gostaria de ficar aqui?' Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, a noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos."

O discurso foi transcrito e disponibilizado pelo governo alemão e publicado no site e no canal do YouTube do Congresso Alemão do Comércio, organizado pela Handelsverband Deutschland (HDE), a principal federação do varejo na Alemanha.

Segundo a Deutsche Welle (DW), emissora internacional pública da Alemanha, na ocasião, Merz pedia aos presentes para valorizarem o ambiente comercial próspero e livre da Alemanha.

Nesta quarta-feira (19/11), o porta-voz do governo alemão, Stefan Kornelius, disse que Merz não se desculparia pela declaração. Segundo Kornelius, a fala do chanceler foi tirada de contexto e se referia ao desejo de voltar para casa depois de uma jornada cansativa.

Na segunda (17/11), o prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), publicou em suas redes sociais um vídeo chamando de "arrogante e preconceituosa" a fala de Merz.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também reagiu à declaração em suas redes.

"Curioso ver quem ajudou a aquecer o planeta estranhar o calor da Amazônia. Um discurso preconceituoso do chanceler alemão", escreveu Barbalho na rede social X (ex-Twitter).

Um dia após a repercussão das falas de Merz, o ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Carsten Schneider, disse que o Brasil é "um país maravilhoso" e lamentou não poder ficar mais tempo após a COP.

"Brasil é um país maravilhoso, com um povo acolhedor e bom anfitrião. Pena que não poderei ficar mais tempo após a COP. Teria algumas ideias, por exemplo, pescar com os meus amigos da Amazônia", disse o ministro alemão em postagem no Instagram.

Após contato da BBC News Brasil, um porta-voz do governo da Alemanha disse nesta terça-feira (18/11) que o chanceler Friedrich Merz lamentou não ter tido tempo durante sua passagem pelo Brasil para conhecer "a beleza natural deslumbrante" da região amazônica.

Merz esteve na Cúpula dos Líderes em Belém, onde participou de um encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O chanceler anunciou a participação da Alemanha no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês).

"Vamos contribuir com quantia considerável", disse Merz, durante entrevista coletiva.

Nesta quarta-feira, foi confirmado que a Alemanha contribuirá com 1 bilhão de euros para o TFFF.

O fundo é uma das apostas do governo brasileiro em relação ao financiamento de ações para o combate às mudanças climáticas.

O lançamento oficial do fundo foi feito na última semana e a expectativa do governo é de que ele possa, no longo prazo, arrecadar até US$ 125 bilhões.

Quem é Friederich Merz

Friederich Merz é líder da União Democrata Cristã (CDU), partido da ex-chanceler Angela Merkel, com quem travou disputas no passado.

Ele se tornou chanceler — cargo que chefia o governo no país, similar ao de primeiro-ministro — em maio, após ser eleito em segunda votação.

Na primeira votação, o líder conservador ficou inesperadamente aquém dos números necessários para formar uma maioria no parlamento.

Merz é um conservador social, pró-negócios e de discurso direto. Ele trabalhou como advogado, mas sempre teve interesse na política e foi eleito para o Parlamento Europeu em 1989, aos 33 anos.

Ofuscado por Merkel desde 2002, ele acabou deixando a política, atuou nos conselhos de bancos de investimento e passou a pilotar aviões como um hobby.

Em 2018, ele disputou a liderança do partido, mas perdeu novamente para Merkel e depois para Armin Laschet, que acabou sendo derrotado na eleição alemã de 2021.

Merz então assumiu o comando da CDU e concorreu sob o slogan "Uma Alemanha da qual possamos nos orgulhar novamente".

Durante as eleições, ele prometeu controles permanentes nas fronteiras e regras de asilo mais rígidas para restringir a imigração, além de reduzir impostos e cortar 50 bilhões de euros em gastos com assistência social para reaquecer a economia alemã. Também se comprometeu a reforçar a ajuda à Ucrânia.

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