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Política

Sem Rede, Marina decide se desiste do Planalto ou entra em outro partido

4 out 2013 - 08h40
(atualizado às 09h09)
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A ex-senadora Marina Silva enfrenta uma situação complicada após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na quinta-feira, de não conceder registro como partido à Rede Sustentabilidade. Segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2014, Marina terá agora que optar entre o pragmatismo, e escolher uma outra legenda para disputar a Presidência no ano que vem, ou a manutenção de um discurso de pureza política, que deve deixá-la fora da disputa.

Marina apostou no discurso de uma nova maneira de fazer política e na mobilização de voluntários pelas redes sociais para criar um partido diferente, o que não conseguiu realizar. Com um alto índice de conhecimento junto ao eleitorado, resultado do terceiro lugar e dos quase 20 milhões de votos conquistados na eleição presidencial de 2010, a ex-senadora é peça fundamental para definir como será o tabuleiro eleitoral de 2014.

"A candidatura da Marina é muito importante para definir as estratégias partidárias. Dificulta bastante a continuidade da velha polarização entre PT e PSDB, que domina as campanhas presidenciais desde 1994", disse o analista da Tendências Consultoria Integrada Rafael Cortez. "A presença da Marina fortaleceria bastante a ideia de segundo turno", acrescentou.

Dentro do Palácio do Planalto, auxiliares da presidente Dilma Rousseff dão como certa a candidatura de Marina, mesmo sem o registro da Rede e, segundo fontes, estão levando em conta a ex-senadora nos cálculos para o pleito do ano que vem. Durante o processo de tentativa de viabilização da Rede, no entanto, Marina disse diversas vezes que não trabalhava com um "plano B".

Veja abaixo as alternativas que a ex-senadora terá após a rejeição da Rede pelo TSE.

Desistir da disputa

Em nome do discurso de uma "nova política", Marina pode decidir não se filiar a outro partido e, consequentemente, ficar fora do jogo presidencial de 2014. Políticos próximos à ex-senadora chegam a duvidar que ela migre para outra legenda. O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) disse à Reuters que se "surpreenderia" caso a ex-senadora migrasse para outro partido, embora não tenha descartado totalmente a opção.

Neste cenário, a ex-senadora pode insistir na criação da Rede visando a disputa eleitoral de 2018. Neste caso, entretanto, não há garantias de que chegará à eleição de 2018 na mesma posição que desfruta atualmente para o pleito do ano que vem.

"Política é timing. Ninguém garante que daqui a quatro anos ela vai ter as mesmas condições ou condições semelhantes as que tem agora", disse Carlos Melo, cientista político do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). "Uma oportunidade perdida está perdida definitivamente. Você pode até reconstruir", acrescentou.

Fora da disputa, Marina torna-se uma grande eleitora, como lembram analistas ouvidos pela Reuters. Seu apoio deve ser cobiçado pelos candidatos, e ela pode decidir usar seu capital político para influenciar a pauta da campanha.

O senador Jorge Viana (PT-AC), antigo companheiro político de Marina, avalia, no entanto, que a migração dos votos que iriam para a ex-senadora não será automática, nem fácil. "Não são fáceis de conseguir, não. O eleitor de Marina é muito particular."

Filiar-se ao PEN

Para especialistas, qualquer decisão de Marina de se filiar a uma nova legenda diante da não viabilização da Rede gerará desgaste à ex-senadora. O Partido Ecológico Nacional (PEN), por exemplo, coloca-se como alternativa por ser uma sigla nova - foi fundado em 2012 - e por carregar o discurso de sustentabilidade, que também é o de Marina.

"Quanto menos controverso o partido, melhor para ela (Marina)", disse Melo, do Insper. "Para ela, por incrível que pareça, seria melhor um nanico. Um PEN, um Partido Ecológico Nacional. Agora, é claro que tem desgaste", disse.

O presidente do PEN, Adilson Barroso, já colocou a legenda à disposição da ex-senadora e admite, inclusive, mudar o nome da sigla para Rede na intenção de abrigar Marina. "O PEN está à disposição dela até para trocar de nome e também ela pode até ser presidente nacional do partido. Não tem problema nenhum", disse Barroso, que se declara "admirador" da ex-senadora.

A falta de estrutura do partido, no entanto, pode afastar Marina do PEN.

Optar pelo PPS

O partido, presidido pelo deputado federal Roberto Freire (SP), vinha buscando atrair o tucano José Serra, candidato presidencial em 2002 e 2010, para seus quadros e lançá-lo ao Palácio do Planalto de 2014. A decisão de Serra de permanecer no PSDB, no entanto, frustrou os planos do PPS, e a sigla pode surgir como alternativa para Marina.

Freire, no entanto, disse à Reuters recentemente que não conversou com Marina sobre uma possível filiação. Além disso, a ex-senadora terá de lidar com o desgaste de publicamente não ter sido a primeira opção do partido. "Na verdade o PPS queria o Serra. Aí a Marina vai servir de prêmio de consolação para o PPS? Ela vai sofrer esse desgaste", disse Melo.

Voltar ao PV

Diante da rejeição da concessão de registro à Rede, Marina pode retornar ao partido pelo qual conquistou quase 20 milhões de votos na eleição presidencial de 2010. Um obstáculo para esta alternativa, no entanto, é a maneira que a ex-senadora deixou o partido, depois de desentendimentos com a direção da sigla. "Ela saiu do PV por quê? Porque teve muita dissonância, muita briga com o PV", lembra Melo.

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