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Política

Quando vi entidades criticando Ricardo Salles, falei 'acertamos', diz Bolsonaro

12 dez 2018 - 20h11
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O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quarta-feira, 12, que "não demarcaremos um centímetro quadrado a mais de terra indígena" e "não tem mais terra para quilombola" no Brasil. "Já acabou esse tempo", declarou durante reunião com parlamentares do DEM no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede da transição. Bolsonaro também disse que percebeu que acertou na escolha do futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, quando viu as críticas de entidades ambientais contra a decisão.

No encontro desta quarta, Bolsonaro defendeu também a extinção de decreto que permite descontos de até 60% nas multas ambientais e que transforma os 40% restantes em investimentos para recuperação de florestas. "Nós respeitamos o meio ambiente, mas, pessoal, não dá mais para conviver com a indústria da multa", criticou. "Tem decreto que destina 40% das multas para ONGs para preservar meio ambiente. O que vamos fazer com aquele decreto? Cair fora", disse Bolsonaro dirigindo-se a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que estava ao seu lado. "Não vamos deixar esse pessoal se retroalimentar constantemente trabalhando contra nós", continuou Bolsonaro, que foi aplaudido.

Bolsonaro afirmou que Tereza Cristina seria também a ministra do Meio Ambiente, quando cogitava fundir as pastas, mas recuou após perceber que teria "problemas fora do Brasil". "Demos um passo atrás. A gente namora, fica noivo e casa. Não namora e casa. Recuamos e veio o garoto Ricardo Salles. Quando vi entidades ambientais criticando ele, eu falei: 'poxa, Onyx (Lorenzoni), acho que acertamos'", contou, provocando risadas entre os presentes.

Ele lembrou a situação de Roraima, que enfrenta problemas por falta de energia elétrica, e possui entraves para a licença de uma linha de transmissão por questões indigenistas. "O Estado sem energia por problema ambiental indigenista. Indigenista vamos resolver com a Damares (Alves), continuou Bolsonaro em outro momento fazendo referência a futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos.

O presidente eleito lembrou que possui uma multa ambiental por pesca irregular no Rio de Janeiro de R$ 10 mil, mas alegou que estava em Brasília na ocasião. Também disse que no passado era comum transportar galões de gasolina e derrubar no chão, mas "se um trator derrubar um litro de óleo diesel no chão é uma multa milionária em cima do fazendeiro". "Não querem nem saber", criticou. Ele disse, ainda que é quase impossível derrubar uma árvore por causa de licenças ambientais atualmente e que isso deve mudar.

Ao falar da questão indigenista, Bolsonaro citou o caso de um empresário que quer iniciar uma obra no Paraná, mas depende de um laudo da Fundação Nacional do Índio (Funai). "No Paraná uma pessoa está querendo fazer um terminal de contêiner que agora necessita de um laudo da Funai. O cara veio me falar 'estou há oito anos tentando construir e se tiver um vestígio de índio não vai sair'. Ele disse que foi processado pelo STF. Não demarcaremos um centímetro quadrado a mais de terra indígena e ponto final. Questão dos quilombolas, meu amigo Helio (Bolsonaro) aqui, não tem mais terra para quilombolas também, já acabou esse tempo. Não posso acordar e ver que via portaria se iniciou demarcação de terras."

Ao falar dos quilombolas, atuais habitantes de comunidades negras rurais formadas por descendentes de africanos escravizados, Bolsonaro fez menção ao deputado eleito Helio Bolsonaro, um de seus principais apoiadores, que é negro. A menção ao aliado provocou novas risadas.

Indígenas

Bolsonaro fez um forte discurso a favor do agronegócio para pedir apoio político dos integrantes do Democratas. "Não posso acordar e ver que via portaria se iniciou demarcação de terras. Isso vai deixar de existir. Isso mudou. Agora nós somos governo. Mas temos que estar unidos", declarou. O partido caminha para anunciar o apoio formal e integrar a base aliada do presidente eleito.

Ao pedir apoio no Congresso aos parlamentares do DEM, afirmou que "não tem força para impor nada", mas que "todo mundo vai ganhar com isso, sem exceção". "Se a gente der errado, o PT volta. Eles hibernam e esperam o momento para voltar das cinzas. Não quero eliminar o PT, quero colocar no seu devido lugar pelo voto."

Estadão
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